— 2. Hidrostática —
A Hidrostática, como já foi citado anteriormente, trata de estudar os fluidos em equilíbrio. Vamos caracterizar, agora, algumas das propriedades dos fluidos em equilíbrio, dando ênfase especial aos líquidos.
— 2.1. Propriedades gerais dos líquidos —
- A superfície livre de um líquido em equilíbrio é plana e horizontal.
- A força exercida por um líquido sobre uma superfície qualquer é sempre perpendicular (normal) a essa superfície. Isto pode ser constatado quando furamos um vaso que contém líquidos e observamos que este se projeta (derrama, escoa) perpendicularmente à parede do vaso.
- Líquidos de diferentes densidades, quando em equilíbrio, apresentam uma superfície de separação plana e horizontal.
- Nos líquidos, em particular e num fluido, em geral, a pressão aumenta a medida que aumenta a profundidade (distância medida desde a superfície livre). Esta propriedade será estudada com mais detalhes mais adiante.
Figura 8 (a): Superfície livre de um líquido. [2]
Figura 8 (b): Superfície de Separação entre dois líquidos de densidade diferente. [2]
— 2.2. Fluidos estáticos —
As regras principais que regem o comportamento de um fluido estático derivam das leis do equilíbrio mecânico, estudadas na estática. São estas:
- Nos fluidos estáticos não pode agir nenhuma força de cisalhamento.
- Qualquer força entre o fluido e a fronteira deve ser normal (perpendicular) em relação à fronteira.
— 2.3. Variação da Pressão num Fluido Estático —
A experiência prática já mostra que, a medida que descemos mais quando efectuamos um mergulho na água, a pressão que a água exerce sobre o nosso corpo aumenta. Num fluido estático, a pressão em qualquer ponto está relacionada directamente com a profundidade deste ponto e com a densidade deste fluido. Se pensarmos que a pressão é a força por unidade de área, então, veremos que a medida que a profundidade aumenta, aumenta também a quantidade de fluido por cima de um dado ponto.
Suponhamos que temos um fluido num tanque. Imaginemos dois pontos de diferentes profundidades 1 e 2.
Figura 9: Pressão no interior de um fluido. [6]
A pressão entre nos pontos 1 e 2 serão diferentes devido a ao peso da camada de fluido que existe acima do ponto 2. O seu valor é determinado pelo princípio de Stevin: “A variação da pressão entre dois pontos quaisquer de um fluido incompressível é igual ao produto de sua massa específica pela diferença de nível entre os dois pontos e pela aceleração da gravidade “.
Neste caso, podemos dizer que a pressão num interior de recipiente aberto, contendo um fluido será:
Onde representa a profundidade e
é a pressão absoluta.
A pressão atmosférica é a pressão normal do ar atmosférico ao nível do mar. Essa pressão é devido ao efeito da massa de ar por cima de nós, dentre outros factores. Torricelli, através de seus experimentos conseguiu determinar o seu valor:
Algumas observações importantes:
- O Teorema de Stevin só se aplica a fluidos em repouso.
é a diferença de cotas e não a distância entre os dois pontos considerados.
- Todos os pontos de um fluido num plano horizontal tem a mesma pressão.
- A pressão num ponto qualquer não depende da área, ou seja, do formato do recipiente.
— 2.4. Princípio de Pascal. Prensas hidráulicas —
O princípio de Pascal pode ser enunciado da seguinte maneira: “Um acréscimo de pressão, num ponto qualquer de um líquido em equilíbrio, transmite- se integralmente a todos os pontos do líquido”.
Isto significa que, quando aumentamos de uma quantidade P a pressão exercida na superfície livre de um líquido em equilíbrio, todos os pontos do líquido sofrerão o mesmo acréscimo de pressão P. Uma aplicação prática do princípio de Pascal é a da prensa hidráulica, ilustrada na figura abaixo. [2]
A força exercida no êmbolo de área
provoca um acréscimo de pressão no líquido:
. Pelo princípio de Pascal, este acréscimo de pressão transmite-se pelo líquido, atingindo, neste caso, o êmbolo de área
. Se a área aumentou, a força
exercida sobre o êmbolo também crescerá a fim de manter constante a pressão. Este é o princípio de funcionamento da prensa hidráulica.
Figura 10: Prensa hidráulica. Princípio de Pascal. [2]
— 2.5. Princípio de Arquimedes. Empuxo —
Você já deve ter observado que os corpos, quando imersos em água, perdem, aparentemente, um pouco de seu peso, ou seja, é mais fácil levantar um corpo dentro da água do que fora dela. Podemos presumir, portanto, que a água exerce uma força sobre o corpo, de modo a reduzir o peso aparentes. Esta força exercida pelo fluido sobre o corpo é chamada de empuxo.
Arquimedes enunciou então, o seguinte princípio: “Todo corpo imerso em um fluido, está sujeito à ação de uma força vertical de baixo para cima (empuxo), cujo módulo é igual ao peso da quantidade de fluido deslocada”.
O valor da força de empuxo é:
Figura 11: Princípio de Arquimedes. [2]
Portanto, quando um corpo está imerso é um fluido, ele sofrerá acção desta força denominada Empuxo. Dependendo do valor desta força, o corpo poderá: afundar (quando ), permanecer imponderável (quando
) ou flutuar sobre o fluído (quando
, o que vai fazer o fluido subir até que se cumpra a condição
).
Podemos dizer então que o peso aparente de um corpo imerso em um líquido é
— Referências Bibliográficas —
[1] Jorge A. V illar Alé. MECÂNICA DOS FLUIDOS:CURSO BÁSICO, [2011].
[2] Luiz F. F. Carvalho. CURSO DE FORMAÇÃO DE OPERADORES DE REFINARIA – FÍSICA APLICADA: MECÂNICA DOS FLUIDOS, Curitiba, [2002].
[3] Daniel Fonseca de Carvalho & Leonardo Duarte Batista da Silva. FUNDAMENTOS DE HIDRÁULICA, [2008].
[4] J. Gabriel F. Simões. MECÂNICA DOS FLUIDOS: NOTAS DAS AULAS, [2008].
[5] Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues. MECÂNICA DOS FLUIDOS : NOTAS DAS AULAS, (2010)
[6] Halliday & Resnick. FUNDAMENTOS DE FÍSICA, VOL. 2 (2008)