Análise Matemática – Cálculo Diferencial I
— 7. Cálculo Diferencial —
Definição 37
Seja
Este limite é representado por |
Geometricamente podemos interpretar o valor da derivada no ponto como sendo igual ao declive da recta tangente à curva que passa pelo ponto
.
Pensando em termos cinemáticos sabemos que podemos representar a evolução da posição de uma partícula pela função . Deste modo podemos definir a velocidade média da partícula no intervalo
por
Se quisermos determinar a velocidade da partícula num dado instante de tempo temos que partir da definição anterior e fazer com que o intervalo de tempo seja o mais pequeno e próximo possível do instante para o qual queremos saber a velocidade. Se é uma função bem comportada o limite existe e podemos defini-lo como sendo o valor da velocidade no instante (velocidade instantânea):
Assim o conceito de derivada serve para unificar dois conceitos que à partida eram distintos:
- O conceito de recta tangente a uma curva, que é um conceito puramente geométrico.
- O conceito de velocidade instantânea, que é um conceito puramente cinemático.
O facto de dois conceitos aparentemente díspares serem unificados por um objecto matemático é uma indicação da importância e profundidade do conceito de derivação.
Definição 38
Seja
|
Definição 39
Seja
|
Definição 40
Se |
Definição 41
Seja |
Definição 42
Fazendo a mudança de variável
|
Finalmente vamos introduzir a notação de Leibniz para denotar a derivada de :
-
representa o incremento em
.
-
representa o incremento em
.
Se os incremento são infinitamente pequenos, ou seja, se os incrementos são infinitesimais podemos representa-los por
-
é o acréscimo infinitesimal em
.
-
é o acréscimo infinitesimal em
.
Assim podemos escrever a derivada como
Como exemplo vamos calcular a derivada da função .
Para .
Como outro exemplo vamos agora calcular a derivada de
Para .
Fica como um exercício para o leitor demonstrar as seguintes igualdades:
-
.
-
.
Corolário 58
Seja Demonstração:
Seja
Uma vez que |
Corolário 59
Seja Demonstração: Do Teorema 57 é
|
Do Corolário 59 segue que todas as funções diferenciáveis são necessariamente contínuas. Será que o recíproco deste Corolário também é uma proposição válida?
A resposta a esta questão é: Não! Como um simples contraexemplo temos a função módulo.
Que é uma função contínua mas não é diferenciável pois no ponto a derivada não existe. Uma maneira simples de ver que a derivada em
não existe é notar
enquanto que
.
Dito de uma forma informal vemos que a derivada de uma função num dado ponto não existe sempre que a função tenha forma de um bico nesse ponto.
Um exemplo mais extremo de uma função que é contínua mas não é diferenciável é a função de Weierstrass:
com ,
um número ímpar positivo, e
.
Esta função é contínua em todos os pontos do seu domínio e no entanto não é diferenciável em nenhum ponto do seu domínio. Na nossa linguagem informal, que corresponde a uma intuição geométrica ingénua, podemos dizer que a função de Weierstrass tem bicos em todos os pontos do seu domínio, algo que não é fácil de visualizar.