Mecânica Quântica – Introdução
— 20. Introdução à Mecânica Quântica —
Ao perscrutarem o que se escondia nas escalas mais pequenas da Natureza os físicos do final do século XIX foram obrigados a repensar muito sobre o que achavam que sabiam sobre o mundo que os rodeava.
É sempre difícil escolher o ponto de viragem no que diz respeito a mudanças de paradigma, mas acho que não é muito errado se associarmos o início da Teoria Quântica à função derivada por Planck.
No que segue vamos fazer uma muito breve introdução histórica à Mecânica Quântica.
— 20.1. Breve História da Mecânica Quântica —
— 20.1.1. Radiação de Corpo Negro —
Por argumentos puramente termodinâmicos Kirchhoff havia sido capaz de demonstrar que para um corpo negro a energia total emitida dependia somente da temperatura e frequência. Simbolicamente .
Após este primeiro avanço, que apesar de ser parcial não pode de modo algum ser menosprezado, ficou como trabalho para a comunidade de físicos derivar qual a expressão analítica de .
Aqui as coisas complicaram-se ligeiramente porque os físicos tinham duas expressões analíticas. Uma, a Lei de Rayleigh-Jeans, que tinha um excelente acordo com os resultados experimentais para valores de frequência muito baixos e a Lei de Wien, que na verdade não era uma lei, mas sim um palpite, que tinha um excelente acordo com os resultados experimentais para valores de frequência muito altos.
Este estado de coisas não era satisfatório para a comunidade de físicos e a busca de uma única expressão analítica que descrevesse a radiação de corpo negro em ambos os regimes de frequência assim como nos regimes intermédios continuava.
Posteriormente temos a entrada em cena de Max Planck que consegue derivar uma única expressão que se adequava a todos os resultados experimentais. Para conseguir tal feito Planck teve que admitir que um corpo negro era composto por osciladores cuja energia só podia ser emitida ou absorvida em múltiplos de uma quantidade universal.
Não obstante este brilhante resultado teórico, nos primeiros tempos Planck pensava que a sua arrojada hipótese nada mais era que um truque matemático que lhe permitia derivar a expressão correcta e que os osciladores por ele introduzidos eram meros auxiliares de cálculo e não tinham uma existência física real.
— 20.1.2. Efeito Fotoeléctrico —
Através de estudos experimentais por Hertz ficou demonstrado sem qualquer margem para dúvidas que quando a radiação electromagnética incide num material metálico é possível libertar cargas eléctricas da superfície do material. Pouco tempo depois Hallwachs comprovou que as cargas emitidas eram negativas e finalmente Thompson demonstrou que as cargas emitidas eram electrões.
O último passo dado na compreensão experimental do efeito fotoeléctrico foi dado por Lenard que demonstrou que os electrões libertados pela radiação electromagnética tinham as seguintes propriedades:
- A energia cinética dependia da frequência da radiação emitida.
- A energia cinética não dependia da intensidade da radiação emitida
- Existia um valor mínimo de frequência que permitia a libertação de electrões.
Segundo os preceitos da teoria clássica do electromagnetismo todas estas propriedades são totalmente incompreensíveis. A resolução deste conflito entre teoria e resultados experimentais era, sem dúvida alguma, algo que necessitaria da introdução de novas ideias na Física Teórica.
Inspirado no trabalho de Planck, Einstein demonstrou em primeiro lugar que a variação de entropia na radiação de um corpo negro era análoga à variação de entropia de um gás ideal composto por partículas independentes. Ou seja, a radiação electromagnética tinha para algumas das suas manifestações um carácter granular. Isto quer dizer que não só a radiação electromagnética era emitida e absorvida discretamente, como Planck tinha suposto, mas que também se propagava em pacotes discretos de energia.
Após isto Einstein assume como válida a hipótese de Planck que a energia de cada oscilador de radiação electromagnética é múltipla de uma constante universal e torna a explicação de todos os resultados experimentais associados ao efeito fotoeléctrico um exercício trivial.
Podemos resumir a contribuição de Einstein para a resolução desta questão dizendo que deu um carácter corpuscular a uma entidade que até então tinha um carácter ondulatório (como sempre a história verdadeira é um bocado mais complicada, mas por questões de brevidade vamos fingir que de facto é assim).
Estes resultados inspiraram um jovem físico francês, de Broglie, que propôs que se entidades físicas que tinham um carácter ondulatório podiam ter um carácter corpuscular, também entidades físicas que tinham um carácter corpuscular poderiam ter um carácter ondulatório.
Esta previsão foi comprovada experimentalmente através da observação de padrões de difracção obtidos com feixes de electrões.
— 20.2. Primeira Teoria Quântica —
A chamada Primeira Teoria Quântica era na verdade semi-clássica: um sistema de proposições ad hoc que incorporavam pressupostos clássicos e a sua respectiva modificação de modo a que os resultados experimentais da escala atómica pudessem ser compreendidos no novo esquema teórico que estava a nascer.
A figura mais marcante é sem dúvida alguma Niels Bohr, e as prescrições mais marcantes dessa altura são os seus princípios.
Dos vários que ele formulou vamos apenas concentrar-nos no chamado Princípio da Complementaridade que diz que ao medir as propriedades de um dado sistema físico se observa o seu carácter ondulatório ou então se observa o seu carácter corpuscular.
Este princípio é necessário uma vez que sempre que se tentava observar experimentalmente simultaneamente o carácter ondulatório e corpuscular de uma entidade quântica tal era impossível ainda que teoricamente nada havia que impedisse isso.
— 20.3. Novos resultados, novas concepções —
Após a introdução de carácter mais popular que fizemos nas secções anteriores à Teoria Quântica vamos agora expor de forma mais estruturada a génese da teoria quântica.
Sabemos que quando realizamos uma experiência com um sistema físico de forma a determinarmos qual o valor de uma determinada grandeza o que nós estamos de facto a fazer é a interagir com o sistema. De uma forma ligeiramente mais formal vamos dizer:
O acto de efectuarmos uma medição num sistema físico introduz uma perturbação nos sistema.
Até agora nós temos utilizado o conceito de sistema mecânico na nossa análise de sistemas físicos. Olhando de forma crítica para esse conceito apercebem-nos do seguinte:
- Em alguns casos a perturbação pode tornar-se tão pequena quanto se queira. Ou seja, facto de existir um limite de exactidão para o aparelho de medição que estamos a usar é inerente ao aparelho que está a ser utilizado e não à teoria física que sustenta a motivação para a nossa experiência.
- Existem algumas perturbações cujo efeito não pode ser desprezado. Ainda assim podemos calcular exactamente qual o valor dessa perturbação e compensá-lo no valor da quantidade que está a ser medida.
Assim podemos dizer que a nossa Teoria da Mecânica Clássica é causal e determinista.
Não obstante os seus inúmeros sucessos a nossa teoria clássica deparou-se com algumas nuvens negras:
- Radiação do corpo negro.
- Efeito fotoeléctrico.
- O princípio de combinação de Rydberg?Ritz.
- A existência e estabilidade dos átomos
- A experiência de Stern-Gerlach.
- A difracção de electrões.
- …
A persistência destes resultados experimentais e o falhanço em acomodá-los na teoria clássica indicava que era necessário efectuar uma revolução dos conceitos utilizados na Física:
- Entidades corpusculares evidenciavam um comportamento aleatório.
- Entidades ondulatórias evidenciavam um comportamento corpuscular.
- A existência de um comportamento estatístico em fenómenos atómicos e sub-atómicos que parecia ser inerente à Natureza.
- A necessidade de se repensar o acto de medição visto começar a ser mais evidente que algumas perturbações não se podiam fazer tão pequenas quanto se queria.
- …
— 20.4. A Experiência da Dupla Fenda —
Para tornar mais concreta a discussão anterior vamos olhar com mais cuidado para uma experiência que demonstra muito bem o choque entre as duas concepções que temos vindo a discutir.
— 20.4.3. Duas Fendas e Partículas —
Imaginemos que temos uma situação como a retratada na figura abaixo mas desta vez o que incide nas fendas não são ondas mas sim partículas.
Nesta situação as partículas passam pela fenda 1 ou pela fenda 2. As partículas que passam pela fenda 1 são responsáveis pela curva de probabilidades enquanto que as partículas que passam pela fenda 2 são responsáveis pela curva de probabilidades
. A curva de probabilidades resultante
é simplesmente a soma das curvas
e
.
— 20.4.4. Duas Fendas e Ondas —
Se fizermos passar uma onda por duas fendas o que se obtém é:
Neste caso a intensidade das ondas é a quantidade que interessa estudar. Temos a curva de intensidades que é causado pela fenda 1 e a curva de intensidades
que é causada pela fenda 2. A intensidade resultante no entanto é
. O último termo é responsável pela interacção da onda proveniente da fenda 1 com a onda proveniente da fenda 2. Assim sendo é este termo que é responsável pelo padrão de interferência.
— 20.4.5. Duas Fendas e Electrões —
Agora que estamos familiarizados com o comportamento de ondas e partículas vamos estudar o movimento de raios de electrões a passar por duas fendas. Pelo que se sabe dos electrões eles são partículas e como tal esperamos encontrar um comportamento igual ao representado na figura abaixo. No entanto isto é o que a Natureza tem para nós:
No caso dos electrões temos novamente que pensar em termos de curvas de probabilidades e curvas de probabilidades são inerentes ao conceito de partículas. Contudo o que nós observamos é um padrão de interferências e isso é inerente a ondas…
Para podermos explicar os padrões que vemos temos que assumir que a cada probabilidade está associada uma amplitude de probabilidade
. Para calcularmos a probabilidade devemos calcular o módulo quadrado da amplitude de probabilidade
. Assim antes de mais devemos calcular a soma da amplitude de probabilidades de passar pela fenda ou de passar pela fenda 2 e só depois devemos calcular o módulo quadrado desta amplitude para obtermos a probabilidade de um electrão passar pela fenda 1 ou de passar pela fenda 2:
.
Análise Matemática – Limites e Continuidade VI
— 5. Exemplos de propriedades para funções contínuas —
Definição 36 Seja |
Como uma aplicação da definição acima vamos estudar a função . Temos
. Uma vez que
podemos definir
como
Como segundo exemplo temos . Uma vez que
e
não podemos definir
para
. Finalmente temos a função
. Sabemos que é
. Ainda que os limites sejam iguais não podemos definir
, visto que a função não é majorada. Em geral podemos dizer que dado
e
existe, sse
existe e é finito.
Teorema 42 Seja Demonstração: Vamos mostrar que |
Seja . Tomemos
,
e
. Já sabemos que as funções anteriores são funções contínuas. Ora
e
também são funções contínuas.
é contínua visto ser o produto de
funções contínuas. Finalmente
é contínua visto ser a soma de funções contínuas.
Como uma aplicação do teorema anterior vamos estudar a função . Visto que
, podemos escrever
.
é contínua e
também é contínua. Assim
também é contínua visto resultar da composição de duas funções contínuas. Pelo mesmo argumento também podemos mostrar que para
,
(com
) é contínua em
.
Teorema 44 Seja Demonstração: Demonstração omitida. |
Calcule . Podemos escrever
. Uma vez que é
vem que, pelo Teorema 44 que,
. Em geral podemos dizer que se
vem que
. Concluindo:
Vamos admitir que e seja
a função que torna
contínua em
. Temos
, logo também é
. Por definição
é contínua. Logo pelo Teorema 44
. Assim podemos concluir que quando temos
vem que
Por exemplo . Seja
. Pelo Teorema 44 é
(com as convenções
e
). Logo
. De forma análoga podemos mostrar que
com as convenções
e
). Seja
. Temos
(visto
). Por outro lado, para
também é
. O que nós queremos saber é qual é o valor de
, visto que a resposta a esta pergunta nos dirá qual das funções cresce mais rápido.
Teorema 45 Seja Demonstração: Seja Seja |
Podemos sintetizar o conteúdo do teorema anterior na seguinte forma:
A exponencial de base
cresce mais rapidamente que qualquer potência do seu expoente.
Corolário 46 Seja Demonstração: Fica com um exercício para o leitor. Lembre-se de fazer a mudança de variável apropriada. |
Teorema 47 Seja Demonstração: Primeiro relembramos que Logo Para o argumento da função exponencial é O que resulta em |
Lema 48
|
Teorema 49
|
Corolário 50
Demonstração: Deixado como um exercício para o leitor. Faça a mudança de variável |
Generalizando os resultados anteriores podemos escrever:
se
se
se
Mecânica Quântica – Revisões VI
— 19. Resolução de Exercícios —
Exercício 2 Escolha o conjunto de coordenadas generalizadas que especifica totalmente o estado mecânico de cada um dos sistemas:
|
Exercício 3 Derive as transformações de equações para um pêndulo duplo.
Temos: |
Exercício 4 Mostre que é:
Temos
Que é o resultado pretendido |
Exercício 5 Considere um conjunto de partículas que descrevem um incremento Primeiro vamos notar que é
Para
e |
Exercício 6 Mostre que Temos e Logo
Uma vez que |
Exercício 7 Derive o lagrangiano de um pêndulo simples e obtenha as equações de movimento
A coordenada generalizada para o pêndulo simples é
A energia cinética é
A energia potencial é Assim o lagrangiano é Uma vez que temos e E a equação de Euler-Lagrange fica
|
Exercício 8
Duas partículas de massa
A energia cinética é
A energia potencial é
Logo o lagrangiano é As derivadas parciais do lagrangiano são: E as equações de Euler-Lagrange ficam: |
Exercício 9
Uma partícula de massa
|
Exercício 10 Para um duplo pêndulo calcule:
|
Exercício 11 Uma partícula move-se no plano
|
Exercício 12
Uma partícula descreve um movimento unidimensional sujeita a uma força da forma
Onde
Uma vez que
Para a energia cinética é
Ora E o hamiltoniano é
Uma vez que
Uma vez que |
Exercício 13
Considere duas funções das coordenadas generalizadas e os momentos generalizados, Mostre que as seguintes propriedades do parênteses de Poisson são válidas:
Se o parênteses de Poisson entre duas funções é nulo então dizemos que as duas funções comutam. |
CONCEITO DE FUNÇÃO
— 1. Conceito de funções —
Mecânica Quântica – Revisões V
— 16. Formalismo newtoniano e Equações de Euler-Lagrange —
Como vimos no artigo Mecânica Quântica Revisões IV ao utilizar as equações de Euler-Lagrange que descrevem um sistema mecânico chegamos às mesmas equações do formalismo newtoniao.
O objectivo deste secção é demonstrar de uma forma mais rigorosa que ambas as formulações da mecânica clássica são de facto equivalentes (ou dizendo de forma mais exacta: quais são as condições que tornam o formalismo newtoniano e o formalismo lagrangiano equivalentes para a mecânica clássica).
Já sabemos que é para
. Usando a definição de
podemos reescrever a equação do lagrangiano:
Uma vez que a nossa análise não depende do conjunto de coordenadas utilizado vamos escolher trabalhar com coordenadas rectangulares pois são matematicamente mais cómodas. Assim temos e
. Uma vez que é
e
vem que
. Para um sistema conservativo temos
.
Logo para é válido
Assim é que é a Segunda Lei de Newton (Segundo Axioma ou Segundo Postulado de Newton seriam nomes mais correctos…). No formalismo newtoniano da Mecânica Clássica o que dita a dinâmica de uma partícula é a segunda Lei de Newton, assim sendo acabámos de demonstrar que ambas as formulações são equivalentes.
— 17. Introdução à Simetria —
O leitor certamente notou no último exemplo que a ausência de uma coordenada generalizada no lagrangiano de um sistema implicaca a conservação de um momento (seja ele linear ou angular). Estas coordenadas que não aparecem no lagrangiano recebem o nome de coordenadas cíclicas.
Obviamente que a presença ou ausência de coordenadas cíclicas num lagrangiano depende da escolha de coordenadas. No entanto o facto de um momento ser conservado ou não, não pode depender da escolha do conjunto de coordenadas que se faz. Uma vez que a escolha acertada do conjunto de coordenadas nos permite revelar a simetria que os sistema exibe podemos concluir que que simetria e quantidades conservadas estão intimamente ligadas.
Nesta secção vamos entender por que motivo considerações de simetria são tão importantes na Física contemporânea e qual é a relação entre simetria e as leis de conservação.
Se um sistema exibe um qualquer tipo de simetria contínua então esta simetria irá sempre manifestar-se na forma de uma quantidade que se conserva. A demonstração matemática deste teorema (e as suas múltiplas generalizações) é o Teorema de Noether, mas não nos vamos debruçar sobre a demonstração neste texto. Ao invés vamos somente entender as consequências de três tipos de simetria contínua e o estudante interessado pode consultar os seguintes links para aprofundar o seu conhecimento mais teórico sobre este teorema:
— 17.1. Simetria contínua para translações no tempo —
Como sabemos da Mecânica Clássica um referencial diz-se inercial se o tempo é homogéneo. Quando dizemos que o tempo é homogéneo estamos a dizer que podemos fazer uma translação contínua ( formalmente dizemos ) no tempo e que as características mecânicas não sofrerão alterações.
Seja o lagrangiano de um sistema isolado. Uma vez que o sistema é isolado sabemos que as suas características mecânicas deverão permanecer invariantes no tempo. Isto é equivalente a dizermos que o seu lagrangiano não depende do tempo
Assim a derivada total é
Usando a equação de Euler-Lagrange 18 para coordenadas generalizadas fica:
Ou seja
Onde (o porquê de termos um sinal
será evidente dentro de momentos) é uma constante.
Vamos admitir que e
. Então é
e
. Logo
Então podemos escrever a equação 19 na forma
Donde vem que .
A função é o Hamiltoniano do sistema e a sua definição é dada pela equação 19.
Para além disso podemos identificar o Hamiltoniano com a energia total de um sistema quando as seguintes condições são respeitadas:
- As equações para as transformações de coordenadas são independentes do tempo. Isto implica que a energia cinética é uma função quadrática homogénea em
- A energia potencial não depende da velocidade. Desse modo os termos
podem ser eliminados
— 17.2. Simetria contínua para translações no espaço —
Sabemos também da Mecânica Clássica que para um referencial inercial o espaço é homogéneo. Quer isto dizer que todos os pontos do espaço são equivalentes e como tal o lagrangiano é invariante para translações no espaço. Formalmente escrevemos para
.
Sem perda de generalidade vamos somente considerar uma partícula. Neste caso é e
. Calculando a variação em
devido a
é
Ora e a expressão para a variação fica
Para a expressão anterior ser identicamente nula temos que ter , uma vez que
são variações arbitrárias.
De acordo com a Equação de Euler-Lagrange 18 temos .
Logo é
Assim a homogeneidade do espaço para translações implica a conservação do momento linear para um sistema isolado.
— 17.3. Simetria contínua para rotações no espaço —
Sabemos também da Mecânica Clássica que para um referencial inercial o espaço é isotrópico. Quando dizemos que o espaço é isotrópico estamos a dizer que não existem direcções privilegiadas. Ora isto quer dizer que o lagrangiano é invariante para rotações no espaço: para
onde
.
Considerando novamente uma só partícula sabemos que é
Para além disso também é
De e
segue que
Uma vez que
e , segue
.
Uma vez que é um vector arbitrário segue que
. Logo
é constante.
Em conclusão podemos dizer que a isotropia do espaço implica a conservação do momento angular. Outro resultado importante é que sempre que um sistema mecânico exibe um eixo de simetria o momento angular em torno desse eixo é uma quantidade conservada.
— 18. Dinâmica Hamiltoniana —
Como já vimos, se a energia potencial de um sistema não depende da velocidade então . Consequentemente podemos definir
Definição 7
Num sistema descrito por coordenadas generalizadas
|
Como consequência da definição anterior temos .
E podemos escrever o Hamiltoniano como uma transformada de Legendre do Lagrangiano
Uma vez que a equação 21 pode ser escrita na forma
Assim temos e
. O diferencial de
é
Calculando e
via 22 e substituindo em 23 é
Igualando os coeficientes de ,
e
vem:
e
Que são as equações canónicas de movimento. Quando usamos estas equações para estudar a evolução temporal de um sistema estamos a usar a Mecânica Hamiltoniana.
Temos . Para além disso temos também
o que implica que a função hamiltoniana não depende explicitamente de
. Logo
é uma quantidade conservada.
Exemplo 7
Uma partícula de massa
De
Para a velocidade temos
Assim o lagrangiano é and
Uma vez que este sistema é conservativo e as equações de transformações de coordenadas não dependem do tempo As equações de movimento são:
Das relações anteriores vemos que o momento angular em torno de
Também temos |
Para finalizar o nosso tratamento da Mecânica Clássica vamos só fazer um breve sumário da Dinâmica Lagrangiana e da Dinâmica Hamiltoniana:
- As coordenadas generalizadas e os respectivos momentos generalizados dizem-se coordenadas canónicas.
- Coordenadas que não aparecem explicitamente em
e
dizem-se coordenadas cíclicas.
- Uma coordenada que é cíclica implica sempre a existência de um momento generalizado conservado assim como um eixo de simetria.
- Simetrias de uma sistema estão sempre ligadas a uma lei de conservação
Análise Matemática – Limites e Continuidade V
A condição , por si só, é algo que não é fácil de entender pela primeira vez para a maior parte das pessoas. Se a isso adicionarmos a semelhança entre a definição
para limites e a definição
para continuidade pode aumentar a incompreensão deste conceito tão importante nos alunos.
De forma a tentarmos contrariar essa tendência vamos apresentar alguns exemplos da condição .
— 4.7. para continuidade —
Vamos iniciar o nosso estudo com um exemplo muito simples.
Seja (que é uma função obviamente contínua!).
O ponto de utilizarmos o argumento para este caso é tornarmos os alunos confortáveis com este tipo de raciocínio. Em termos técnicos o que nós pretendemos fazer é mostrar que independentemente do
escolhido conseguimos sempre encontrar um
que satisfaz o critério de Heine para a continuidade.
Voltando à nossa função vem que
. Neste caso temos
. Assim
Que é trivialmente válido, uma vez que por hipótese. Assim qualquer valor positivo de
satisfaz o critério de Heine para a continuidade e
é contínua em
.
Uma vez que nunca fizemos qualquer assunção relativamente a para além de que
podemos concluir que
é contínua em todos os pontos do seu domínio.
Vamos agora analisar e novamente vamos estudar a continuidade no ponto
(
):
A última expressão é exactamente o que queremos: uma expressão da forma (a primeira parte do critério
).
Se tomarmos fica então
o que completa a nossa demonstração que
é contínua em
.
Mais uma vez não fizemos nenhuma assunção relativamente à natureza de para além de que
e como tal concluímos que
é contínua no seu domínio.
Vamos agora olhar para funções da forma e estudar a continuidade de
em
.
Se tomarmos vem que
e
é contínua em
.
Como um exemplo final do critério de Heine para a continuidade vamos olhar para a função .
Uma vez que queremos algo da forma a última expressão não nos é útil.
Neste caso temos que tomar uma alternativa que ainda assim tem o mesmo espírito que temos usado até agora.
Dada à novidade deste método pedimos aos leitores que prestem muita atenção à dedução e que se certifiquem que percebem todos os passos.
Uma vez que sabemos que em algum momento
vai estar no primeiro quadrante. Assim
Onde a última desigualdade é válida por hipótese.
Quer isto dizer que se tomarmos fica
que é a condição
para a continuidade.
— 4.8. para limites —
Nesta subsecção vamos utilizar o mesmo procedimento que utilizámos na subsecção anterior, mas com as devidas adaptações para o caso dos limites.
Seja . Queremos mostrar que
.
Que é trivialmente válido para qualquer valor de , assim
pode ser um número positivo qualquer.
Seja . Queremos mostrar que
.
Com satisfazemos a condição
para limites.
Como um exemplo final vamos olhar para a função de Dirichlet modificada que foi introduzida em Análise Matemática Limites e Continuidade III.
Nesse artigo demonstrámos que para o limite
não existe e prometemos que num artigo futuro iríamos mostrar que
usando a condição
:
Uma vez que ou
vamos atacar este problema usando estas duas possibilidades.
No primeiro caso é que é trivialmente válido e assim
pode ser um número positivo qualquer.
No segundo caso é . Tomando
faz com que se respeite o critério de Heine.
Uma vez que mostramos que a conclusão é que a função de Dirichlet modificada é somente contínua em
.
Mecânica Quântica – Revisões IV
— 13. Princípio de Hamilton —
Os princípios de minimização têm uma longa história de utilização em Ciência, e abaixo vemos alguns exemplos:
- Heron explicou a reflexão da luz usando um princípio de distância mínima.
- Fermat corrigiu o Princípio de Heron dizendo que a luz propaga-se entre dois pontos pelo trajecto que minimiza o tempo.
- Maupertuis postulou que a dinâmica de uma partícula é sempre aquela que minimiza acção
- Gauss postulou o princípio da ligação mínima
- Hertz postulou o princípio da curvatura mínima
Na física moderna usamos um princípio mais geral onde tentamos encontrar extremos de uma quantidade a que chamamos acção e é o objectivo desta secção enunciar este princípio e deduzir as suas consequências.
Definição 2 O Lagrangiano (também chamado de função lagrangiana) de uma partícula é dado pela diferença entre a energia cinética, |
Definição 3 A Acção, |
Axioma 1 Dado um conjunto de caminhos que uma partícula pode tomar entre os pontos |
Para coordenadas rectangulares temos ,
, assim
(onde
é a notação de Newton para representarmos derivadas em ordem ao tempo).
A função pode ser identificada com a função
que vimos no artigo Mecânica Quântica Revisões III desde que façamos as seguintes substituições:
Neste caso as equações de Euler passam a chamar-se de equações de Euler-Lagrange e temos:
— 14. Coordenadas generalizadas —
Considere um sistema mecânico constituído por partículas. Neste caso temos
quantidades para descrever a posição de todas as partículas (uma vez que temos três graus de liberdade).
Se por acaso também tivermos algum tipo de ligações que restringem o movimento das partículas a quantidade necessária para descrever o movimento das partículas é menor do que . Vamos admitir que temos
ligações, nesse caso os graus de liberdade são
.
Seja os graus de liberdade deste sistema. Estes graus de liberdade correspondem então a
coordenadas, e estas coordenadas não precisam de ser rectangulares, polares, cilíndricas nem esféricas. A única coisa que devem fazer é descrever de forma total o estado mecânico do sistema.
Definição 4
As As coordenadas generalizadas são representadas por |
Uma vez que definimos o conjunto de coordenadas generalizadas de um sistema de partículas podemos também definir as suas velocidades generalizadas.
Definição 5
As As velocidades generalizadas são representadas por |
Seja uma variável que denota uma partícula,
;
representa o número de graus de liberdade
,
; e
o número de coordenadas generalizadas
.
Para as velocidades generalizadas é
E as transformações inversas são
e
Finalmente vamos também dizer que precisamos de equações de ligação
com .
Definição 6
O Espaço de Configuração é o espaço vetorial definido pelo conjunto das coordenadas generalizadas. |
A evolução no tempo de um sistema mecânico pode ser representado como uma curva no espaço de configuração.
— 15. As equações de Euler-Lagrange em coordenadas generalizadas —
Uma vez que e
são funções escalares,
também é uma função escalar. Logo
é um invariante para transformações de coordenadas.
Assim é
e .
Logo, podemos escrever o Princípio de Hamilton (secção 13) na seguinte forma:
E agora temos que fazer as seguintes substituições
E as equações de Euler-Lagrange ficam
Para
Para finalizar esta secção vamos apontar as condições de aplicabilidade das equações de Euler-Lagrange:
- O sistema é conservativo.
- As ligações são funções das coordenadas das partículas e também podem ser funções do tempo.
Análise Matemática – Exercícios III
1.
a) Calcule e
Como podemos ver o primeiro termo cancela o quarto, o terceiro cancela o sexto e assim por diante. Deste modo ficamos somente com o segundo e último termo:
b) Calcule Usando o resultado anterior.
Definindo podemos reescrever a soma anterior como
Aparentemente este resultado tem uma história engraçada. Mengoli foi o primeiro a conseguir calcular . Na altura em que tal aconteceu a investigação em Matemática tinha um cariz ligeiramente diferente do que temos agora. Muitas vezes as pessoas escondiam os seus resultados ou então as derivações dos seus resultados durante anos enquanto atormentavam os seus rivais devido à inépcia destes.
E foi isto que Mengoli fez. Na altura em que ele conseguiu somar esta série a teoria das séries não estava desenvolvida como está hoje em dia, e este resultado que acabamos de demonstrar, sem sermos particularmente brilhantes em Matemática, era algo digno de nota.
Mengoli escreveu cartas a algumas pessoas dizendo que , sem nunca mostrar como foi que ele chegou a este resultado. Uma vez que os matemáticos a quem ele enviou o resultado não sabiam dos seus métodos tudo o que podiam fazer era somar explicitamente e ver que o resultado da soma era cada vez mais próximo de
.
Claro está que eles sabiam que isso não provava nada pois podiam até somar um milhão de termos que ainda assim faltaria somar um infinidade de termos para sabermos o resultado real.
c) Calcule
Neste exercício vamos calcular a soma de números primos consecutivos. Este resultado já era conhecido na Grécia Antiga e o valor da sua soma era algo que os matemáticos gregos achavam especialmente apelativo.
Com
Usando a fórmula que já nos é familiar por esta altura
Um resultado que realmente tem algo de mágico estético, tal como os gregos diziam!
2.
a) Usando 1.a) e calcule
b) Usando a) estabeleça a desigualdade se
e
(se bem se lembram usamos esse resultado no artigo Análise Matemática ? Sucessões III
Se é
que é trivialmente válido.
Se é
que é trivialmente válido.
Para e
é:
Assim
Uma vez que
Finalmente, se é
Assim
Uma vez que
c) Use b) para calcular se
e depois conclua que
se
.
por b) é
Logo
Para a segunda parte vamos calcular antes uma vez que sabemos que
pelo artigo Análise Matemática ? Exercícios II
Vamos fazer a mudança de variável . O que implica
e
3. Considere as sucessões e
a) Calcule e
. Use a desigualdade de Bernoulli para mostrar que
é estritamente decrescente e que
é estritamente crescente.
Após calcularmos podemos usar a Desigualdade de Bernoulli com
, para vermos que
é estritamente decrescente.
Assim é estritamente decrescente.
Como uma técnica semelhante podemos mostrar que
E após isso novamente usamos a Desigualdade de Bernoulli para mostrar que o que implica que
é estritamente crescente.
c) Usando a), b) e mostre que são válidas as seguintes desigualdades
.
Já sabemos que é decrescente por isso é
Por outro lado é crescente e
por isso
.
Logo
d) Use c) para mostrar que .
E agora para a segunda parte da desigualdade:
Em conclusão é
4.
a) Usando 3d) mostre que .
Em primeiro lugar é
Com um raciocínio semelhante também podemos mostrar que .
Logo é
b) Some as desigualdades anteriores entre .
Ora
E
E também temos
E
Em conclusão é
c) Conclua as seguintes desigualdades e estabeleça a Aproximação de Stirling
com
Por outro lado
Logo
E daqui temos
Definindo vem que
com
5.
Mostre que e que
Sabemos que
Logo e isto é equivalente a
.
Seja . Neste caso é
. Uma vez que
é uma subsucessão de
sabemos que é
e assim também é
.
6. Mostre que e
Por hipótese é ,
com
.
Substituindo a segunda igualdade na primeira obtemos .
Seja e
com
.
Logo
7. Seja e
. Mostre que
.
and
com
e
sendo sucessões limitadas.
Seja . Então
uma vez que
é limitada.
Logo
8.Usando a Aproximação de Stirling mostre que
Sabemos que é com
. Logo
Onde usámos o facto que é uma função decrescente.
Logo é limitada e assim
como desejado.
Análise Matemática – Limites e Continuidade IV
Como uma aplicação do Teorema 35 vamos estudar as funções e
.
Ora é uma função estritamente crescente e
também é uma função estritamente crescente.
Pelo Teorema 35 é então e
.
Quanto a vem que
e
.
Esta noções têm uma interpretação exactamente igual à interpretação oferecida aquando do nosso estudo das sucessões e dão o mesmo tipo de informação referente ao comportamento de duas funções.
Teorema 36
Seja
Demonstração: Deixada como um exercício para o leitor. |
Para as funções polinomiais podemos dizer com toda a generalidade o seu comportamento é ditado pelo termo de maior grau se nos estivermos a aproximar de . No entanto, se a aproximação for para
o seu comportamento é ditado pelo termo de menor grau.
Para vermos que de facto as coisas são como enunciamos vamos analiser o simples exemplo:
Ora . Seja
. então
e assim é
.
Outro exemplo com bastante interesse para nós é:
Podemos ver que é assim uma vez que é
— 4.6. Condição Epsílon-Delta —
Após este preâmbulo está na hora de introduzirmos o conceito de limite e continuidade utilizando a condição .
Mais uma vez o que estamos a fazer é usar conceitos cada vez mais abstractos por forma a conseguirmos atingir níveis de rigor e generalização cada vez maiores. A partir deste ponto temos perfeita consciência que a compreensão desta matéria será mais difícil, especialmente para quem não está habituado a este tipo de argumentos, mas temos também sabemos que ao fazerem o devido esforço serão recompensados intelectualmente.
O ponto da condição é que nos permite evitar conceitos nebulosos como perto de, sinais de entrada, sinais de saída, ou ainda a relativamente fraca definição de limite que temos usado até agora.
Teorema 37 (Teorema de Heine)
Seja Demonstração: Demonstração omitida. |
Caso a parafernália de símbolos faz com que os nossos leitores fiquem a pensar “Mas afinal isto quer dizer o quê?!” a resposta é que isto somente uma correcta formalização da noção intuitiva de limite.
Mais uma vez temos que ver isto como se fosse um jogo entre duas pessoas. A primeira escolhe os valores de enquanto que a segunda escolhe os valores de
que façam com que a condição seja válida.
Se o segundo jogador conseguir encontrar uma expressão geral de para todos os valores de
ele ganha o jogo e podemos afirmar que função realmente tem limite
no ponto
.
Teorema 38
Seja Demonstração:
Seja
Assim Logo
e |
Se existe, então
uma vez que neste caso é
e existe uma vizinhança de
onde
é limitada.
Após isto estamos interessados em saber como é que podemos traduzir para uma condição
.
Neste caso estamos a considerar apenas no conjunto
e temos:
Teorema 39
Seja Demonstração:
Seja
Tomando Em conclusão:
|
Definição 35
Seja
A função diz-se contínua se é contínua em todos os pontos de |
Vamos agora usar alguns exemplos para clarificar a Definição 35.
-
Seja
e
uma sucessão tal que
. Então
e
.
Ou seja dizer que
é equivalente a dizer que
é contínua em
. Uma vez que
pode ser um ponto qualquer
é contínua em
.
- Seja
e
uma sucessão tal que
. Temos
e usando o mesmo argumento que no exemplo anterior podemos dizer que
é contínua.
- Em geral podemos dizer que se
é
. Logo para
é
.
Se
vem que
. Para
vem que
.
Se definirmos
e
vem que é sempre
.
- De forma análoga podemos definir
e
para que seja sempre
.
Teorema 40 (Teorema de Heine para a continuidade)
Seja Que também podemos escrever na forma de vizinhanças:
Demonstração: Demonstração omitida. |
Como podemos ver a condição para a continuidade no ponto
é muito semelhante à condição
para o limite
no ponto
.
Para terminarmos este artigo vamos só enunciar um teorema que torna mais explícita a relação entre continuidade e limite.
Teorema 41 Seja
Demonstração: Demonstração omitida. |
Análise Matemática – Limites e Continuidade III
O conceito de limite é um conceito local.
Em linguagem matemática quando dizemos que o conceito de limite é local estamos a dizer que para uma função ter um limite num dado ponto, , não interessa como é que a função se comporta quando estamos longe do ponto em questão. O que interessa é como a função se comporta quando estamos na vizinhança do ponto.
A linguagem que estamos a usar até pode ser satisfatória para o dia-a-dia, mas para os padrões de rigor da Matemática deixa muito a desejar.
O que nós, de facto, estamos a fazer com o conceito de limite é formalizar o que queremos dizer quando usamos expressões como longe e na vizinhança.
Como exemplo, vamos introduzir a função
Esta função não é das mais sofisticadas, mas é o suficiente para a ideia que queremos passar.
Antes de mais vamos representar graficamente esta função para termos uma visualização do seu comportamento:
Onde representámos com a cor azul e
a vermelho.
É fácil ver que para todos os pontos diferentes de
a função não tem limite.
Para
e
. Logo
, e assim podemos concluir que este limite não existe.
Para é possível mostrar (faremos isso quando o conceito de limite for formalizado usando a condição
) que
.
Quase que apetece dizer que “Não se pode ser mais local do que isto! Esta função só tem limite no ponto !”.
De uma forma intuitiva podemos entender este resultado da seguinte forma. O conceito de limite basicamente expressa o quão bem-comportada uma função é. Uma vez que esta função está sempre a saltar de ponto para ponto dependendo se estamos numa ordenada racional ou numa ordenada irracional podemos dizer que esta função é malcomportada.
A asserção anterior é verdadeira em quase todo o domínio da função. O único ponto em que ela deixa de ser aplicável é em .
Isto é assim porque embora a função seja malcomportada ela é cada vez menos malcomportada à medida que nos aproximamos da origem.
Teorema 32
Seja Se Demonstração: Demonstração omitida. |
Tal como noutros casos que já vimos o teorema anterior expressa um facto bastante prosaico, mas, tal como nos outros casos, aqui o que interessa é vermos que podemos demonstrar estas asserções rigorosamente.
O que devemos reter deste teorema é que ele nos permite saber o resultado do limite algumas funções sem termos que calcular o limite.
Teorema 33 (Teorema da função enquadrada)
Seja Demonstração: Demonstração omitida. |
E temos mais um teorema que continua a tendência de possibilitar que saibamos o limite de funções sem termos que o calcular!
Como exemplo vamos ver o limite:
Temos
Logo
Uma vez que é vem que
.
Como segundo exemplo vamos olhar para:
Uma vez que
Temos e
. Assim também é
— 4.5. Propriedades algébricas dos limites de funções —
Tal como fizemos para as sucessões vamos agora enunciar algumas regras algébricas que nos permitem calcular o limite de algumas expressões matemáticas mais complexas.