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Continuidade em Espaços Métricos. Continuação.
— 1.2.10. Continuidade em Espaços Métricos. Continuação —
Agora apresentaremos alguns exemplos de funções contínuas. Vou assumir que os leitores já estão familiarizados com a noção de continuidade apresentada nos cursos de Cálculo, principalmente as funções trigonométricas, logaritimicas e polinomiais. Em seguida, darei alguns exemplos sobre o conceito de continuidade nos espaços métricos.
Proposição 33 Seja um espaço métrico e , com . Então para todo e , temos: |
Demonstração: Como éum espaço métrico, então é válida a desigualdade triângular:
tomando o ínfimo para todo e considerando
e
teremos, , e depois trocando e se obtem:
Proposição 34 Seja um espaço métrico, e . Se definirmos a função distância , como
então é contínua. |
Demonstração: Para provarmos isto usaremos a Prop. 1.31 assim como a 1.33. Sabemos que uma função é contínua em um ponto se e só se .
É importante notarmos que na definição da função distância o espaço imagem é basicamente portanto, .
Seja uma sequência de tal que : , então por definição , onde . Logo,
Portanto, é suficiente tomar e , para garantirmos a continuidade de . E como é arbitrário isto significa que é contínua para todo .
Exemplo 13
|
Proposição 35 Seja um espaço métrico e duas funções contínuas. Então:
|
Demonstração: Deixada ao leitor.
O conceito de continuidade reveste-se de capital importância para a Topologia por isso em aulas subsequentes continuaremos a explorar o conceito até as suas aplicações mais importantes.
Continuidade em Espaços Métricos
— 1.2. Continuidade em Espaços Métricos —
Definição 15 Seja e dois espaços métricos, uma função é contínua no ponto em se para todo exise um tal que quando segue que . |
Comentário 6 Uma função é contínua se é contínua em cada ponto de . |
Comentário 7 Se na definição acima fazermos torna-se na definição padrão ensinada nos cursos de cálculo, i.e., para todo existe um tal que temos . |
Proposição 31 Se e são espaços métricos e , então é contínua em se e somente se sempre que e , então em . |
Demonstração: Suponhamos que é contínua em e . Como é contínua, então para algum tal que quando . Portanto, quando . Como é arbitrário, isto significa que .
Para provarmos a implicação inversa, suponhamos que não é contínua em , i.e., existe um tal que para todo existe pelo menos um com , mas .
Em particular, tomando temos que para todo existe um com e . Quando então , e não converge a .
Teorema 32 Se e são espaços métricos e , então as seguintes afirmações são equivalentes:
|
Demonstração: 2. implica 3.:
Note que e .
1.implica 2.: Seja tal que . Como é aberto, existe um talque . Como é contínua exise um tal que implica . Em outras palavras, . Como era um ponto arbitrário em , isto significa que é aberto.
Demonstração do Teorema de Cantor
Demonstração: Na proxima aula.
ilon>0}&fg=000000$, seja tal que , . Assim, se , então ii) implica que ,i.e., , logo é uma sequência de Cauchy, e como é completo, então : .
Como cada é fechado, então . Se , então , logo .
Seja agora uma sequência de Cauchy. Tomando . Claramente é fechado e decrescente. Seja e seja tal que , . Como .
Para qualquer , , i.e., , logo é completo.
Topologia dos Espaços Métricos e Sequências
— 1.1.8. Topologia dos Espaços Métricos e Sequências —
Proposição 24 Seja um espaço métrico. Um subconjunto de é fechado em , se e só se, toda sequência de pontos em converge para um ponto em . (). |
Demonstração: Primeiramente temos de provar que se , e é fechado, então .
Suponhamos pelo contrário que , então que é aberto, logo pela definição 1.4, , então a partir de uma certa ordem deve existir um , tal que para todo , , i.e., , o que é uma contradição,já que por hipótese . Portanto, .
Se , então , pela definição 1.5 . Em particular, para todo natural existe umponto em . Por isso e , assim e .
Definição 14 Um espaço métrico é completo se toda sucessão de Cauchy nesse espaço é convergente. |
Exemplo 12 Todo espaço métrico discreto é completo porque suas sucessões de Cauchy são constantes. |
Lema 25 Se é uma sucessão de Cauchy de elementos de , então sua imagem é um conjunto limitado. |
Teorema 26 é completo. |
Demonstração: Deixada ao leitor.
Proposição 27 Se é um espaço métrico completo e , então é completo se e só se é fechado em . |
Corolário 28 Os subconjuntos fechados de são espaços métricos completos. |
Proposição 29 Todo producto de espaços métricos completos , é um espaço métrico completo. |
Teorema 30 (Cantor) Um espaço métrico é um espaço métrico completo se e só se sempre que é uma sequência não vazia de subconjuntos satisfazendo:
|
Demonstração: Na proxima aula.
Espaços Métricos e Sequências
Aula 6
— 1.1.7. Espaços Métricos e Sequências —
Nesta aula introduziremos o conceito de sequências em espaços métricos. Embora este conceito já seja conhecido de modo elementar no espaço dos números reais, , procederemos à generalização do mesmo para qualquer espaço métrico
Definição 11 Seja um espaço métrico. Uma sequência, num espaço métrico, é uma aplicação , onde os são pontos em . |
Exemplo 10 Em particular se tomarmos retornaremos ao conceito usual de sequências. |
Definição 12 Uma sequência em converge para , i.e., , se : , . |
Exemplo 11 Seja o espaço métrico discreto, então uma sequência em converge para se e só se existe um inteiro tal que sempre que . |
Proposição 21 Se em e é uma subsequência, então . |
Demonstração: Deixada ao leitor.
Definição 13 Uma sequência em é de Cauchy se tal que , para todo . |
Proposição 22 Toda sucessão convergente de é de Cauchy. |
Demonstração: A proposição acima basicamente diz que se uma sucessão é convergente, então ela é de Cauchy.
Como por hipótese, , então pela definição 1.12, para algum e para todo , onde . De modo similar, a partir de uma certa ordem,, temos , com . Portanto, aplicando a desigualdade triângular obtemos:
Em geral,a recíproca da proposição anterior é falsa. Para isto, consideremos por exemplo a sucessão no espaço com a métrica euclidiana usual.
Proposição 23 Se é uma sequência de Cauchy e alguma subsequência de converge para , então . |
Demonstração: Por hipótese temos que para algum . Seja tal que , para todo . Por outro lado, como é umasequência de Cauchy, então , para . Fixemos e seja , então:
Topologia – Distância entre conjuntos e diâmetro
— 1.1.6. Distância entre conjuntos e diâmetro —
Definição 8 Seja um espaço métrico e . Se não vazio, o conjunto das distâncias e os elementos de é definido por
Ao número real chama-se distância de ao conjunto . |
Comentário 5 É óbvio que se , então , mas o recíproco, em geral, nem sempre é verdadeiro. |
Exemplo 8 Se e , então e . Temos também, . |
É evidente que .
Proposição 17 Seja e . Então: |
Demonstração: Sejam , então :
,i.e.,
de modo análogo,
Assim,
Para cada conjunto de e , denotaremos o conjunto , onde pode se dar o caso de .
Proposição 18 Seja um espaço métrico e . Então, para cada e subconjuntos de ,as seguintes afirmações são verdadeiras:
|
Demonstração:
- (pela definição do ínfimo de um conjunto).
- Basta tomar .
- Deixada ao leitor.
- Seja ,existe , . Portanto,
- Sugestão: se .
Definição 9 Sejam subconjuntos de , onde é um espaço métrico. A distância entre e é o número |
É evidente que se , então , em geral o recíproco não é verdadeiro e, obviamente .
Proposição 19 Seja um espaço métrico e e subconjuntos de , e famílias , de subconjuntos de . Então:
|
Demonstração: Deixadas ao leitor.
Definição 10 Seja , onde é um espaço métrico. O diâmetro de é definido como |
Exemplo 9 . |
Proposição 20 Sejam . Então:
|
Demonstração: Deixada ao leitor.
Topologia dos Espaços Métricos
— 1.1.5. Topologia dos Espaços Métricos —
Definição 4 Seja um espaço métrico e . Diz-se que é um conjunto aberto se para todo existe : . Um subconjunto de é fechado se seu complementar é aberto. |
Comentário 4 É importante notarmos que o facto de um conjunto não ser aberto, não implica que ele seja fechado. |
Exemplo 6 Observamos que e são ambos conjuntos aberto e fechado. É claro que a condição acima é satisfeita para ambos, i.e., e são abertos, logo, novamente pela definição acima, seus complementares são fechados. |
Proposição 9 Toda bola aberta é um conjunto aberto. |
Demonstração: Esta proposição é uma consequência imediata da proposição 1.3.
Proposição 10 A união arbitrária de conjuntos abertos num espaço métrico, também é um conjunto aberto. |
Demonstração: Seja uma família de abertos, e . Temos de mostrar que é aberto.
Seja , então existe tal que , pela definição 1.4 existe uma bola aberta , como , concluímos que .
Proposição 11 A intersecção finita de conjuntos abertos num espaço métrico, também é um conjunto aberto. |
Demonstração: Seja uma família de abertos e . Temos de mostrar que é fechado.
Seja para todo . Então existem tais que . Se então e é
Proposição 12
|
Demonstração: Deixada ao leitor.
Definição 5 O interior de é o maior conjunto aberto contido em , i.e.,
O fecho de , , é o menor conjunto fechado em contendo , i.e., |
Exemplo 7 Da definição anterior podemos imediatamente verificar que , é tal que (muito importante !!!) e . Para provarmos isto, suponha que é aberto. Então, como as bolas abertas em são intervalos, existe um intervalo , onde . Como entre dois números reais sempre existe um número irracional, segue-se que , e por isso . Se é um subespaço fechado de , então é aberto e não contém racionais. Segue-se que não contêm nenhum intervalo por que qualquer intervalo não vazio de números reais contém um número racional. Assim, e . |
Proposição 13 Seja . Então:
|
Demonstração: 1. Seja , pela Definição 1.5 significa que existe um aberto tal que . Como é aberto, então existe e uma bola . A implicação inversa é simples, basta notarmos que se e é um conjunto aberto, então .
2.Deixada ao leitor.
Proposição 14 Seja um subconjunto de .
|
Demonstração: deixada ao leitor.
Definição 6 Um subconjunto de um espaço métrico é denso se . Um espaço métrico é separável se contém um subconjunto denso enumerável. |
Proposição 15 Um conjunto é denso em se e só se para todo e todo , . |
Demonstração: É uma aplicação trivial da proposição 1.13.
Definição 7 Seja , então um ponto é chamado de ponto limite de se para todo existe um ponto em com . |
Proposição 16 Seja , onde é um espaço métrico, então , onde representa o conjunto dos pontos limites de ou derivado de . |
Demonstração: Por definição, o fecho de , , é fechado e por isso . Segue que se , então existe um conjunto aberto contendo com e daí e . Isto mostra que .
Por outro lado, suponhamos e um aberto contendo . Se , então é um conjunto fechado e . Mas, , contradição. Se e , então, para qualquer aberto com , temos . Logo, é um ponto limite de . Assim, .
Topologia – Introdução aos Espaços Métricos
— 1.1.4. Alguns Exemplos de Espaços Métricos —
Na aula de hoje, daremos alguns exemplos de espaços métricos, e só depois continuaremos com a topologia dos espaços métricos. Infelizmente, pela grande variedade de espaços métricos que existem, que são infinitos, não poderemos demonstrar que cada métrica definida em um conjunto dado realmente fora um espaço métrico, por isso as respectivas demonstrações são deixadas ao leitor.
Comentário 3 É importante notarmos que em um mesmo conjunto podemos definir várias métricas. |
Exemplo 5
|
Definição 3 Seja uma aplicação, o par é chamado de pseudométrica ou pseudodistância em se,
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Exercício 1 Seja dada a aplicação , a aplicação
definida por é uma pseudométrica se e só se tem no máximo um elemento. |
Exercício 2 Prove que se
é uma família enumerável de pseudométricas e é uma função que satisfaz:
então a função definida por é uma pseudométrica, e que é uma métrica se e só se para todo , com , existe tal que . |
Topologia – Introdução II
— 1.1. Bolas Abertas e Fechadas —
Definição 2 Dado e . Definimos os seguintes conceitos:
|
Exemplo 4 Se, na definição tomarmos , então as bolas abertas (resp. fechadas) serão basicamente intervalos abertos (resp. fechados), i.e., e . Se e , então , . |
Comentário 2 É enganoso pensarmos, conforme aconselha o Kreyszig, que as bolas(abertas ou fechadas) em espaços métricos arbitrários não euclidianos possuem as mesmas propriedades que as bolas ou esferas em . Por exemplo, nos espaços métricos que surgem a partir da métrica discreta, espaços discretos, uma esfera pode ser vazia, i.e., , para isso, basta tomarmos . |
— 1.1.1. Propriedades das Bolas Abertas —
Seja um espaço métrico, então:
Proposição 1 Dadas duas bolas abertas e , então : |
Demonstração: A demonstração desse facto é bastante simples. Seja então
logo, .
Proposição 2 Seja um ponto em tal que , então existe uma bola (), tal que |
Demonstração: Seja , se tomarmos teremos:
— 1.1.2. Propriedades das Bolas Abertas —
Seja um espaço métrico, então:
Proposição 3 Dadas duas bolas abertas e , então : |
Demonstração: A demonstração desse facto é bastante simples. Seja então
logo, .
Proposição 4 Seja um ponto em tal que , então existe uma bola (), tal que |
Demonstração: Seja , se tomarmos teremos:
— 1.1.3. Propriedades das Bolas Abertas —
Seja um espaço métrico, então:
Proposição 5 Dadas duas bolas abertas e , então : |
Demonstração: A demonstração desse facto é bastante simples. Seja então
logo, .
Proposição 6 Seja um ponto em tal que , então existe uma bola (), tal que |
Demonstração: Seja , se tomarmos teremos:
Proposição 7 Sejam e , tais que . Se , então existe uma bola aberta de centro contida na intersecção . |
Demonstração: Deixada ao leitor.
Proposição 8 Sejam e duas bolas abertas. Se , então |
Demonstração: deixada ao leitor.
Topologia – Introdução
Topologia
— 1. Espaços Métricos —
A topologia, literalmente, a ciência da forma, é uma área da Matemática, muito ligada à Geometria e Análise, que têm como objectivo fundamental a análise do conceito de continuidade entre espaços.
Existem duas maneiras de se introduzir uma estrutura topológica em um espaço, a primeira através da noção de distância entre elementos de um conjunto, que passará a ser um espaço métrico, a outra, numa abordagem mais conjuntista e abstracta, utilizando a noção primitiva de conjunto aberto. Nas primeiras aulas abordaremos principalmente a primeira maneira, por ser talvez a mais intuitiva e também por cumprir com os objectivos que preconizamos.
Definição 1 Seja um conjunto não vazio. A aplicação define uma distância ou métrica em se as condições abaixo são cumpridas :
|
Comentário 1 Ao par chamamos de espaço métrico mas, muitas vezes omitiremos a notação anterior à favor de uma mais simples, i.e., denotaremos um espaço métrico apenas pela letra . |
Do axioma 3 obtemos por indução a desigualdade triangular generalizada:
Um subespaço de um espaço métrico é obtido se tomarmos o subconjunto e restringirmos a , assim a métrica em é a restrição
A definição acima nos mostra claramente que em um mesmo conjunto podemos definir várias métricas, ou seja, várias maneiras de se medir distâncias. Um dos conjuntos mais famosos que possui várias distâncias nele definidas é o conjunto dos números reais .
Exemplo 1 1. O conjunto dos Números Reais . Munido com a distância:
Esta é com certeza a distância mais famosa em matemática, pois quase toda a análise elementar é feita usando esta métrica e é também bastante intuitiva, vamos provar que os números reais com essa distância é de facto um espaço métrico. Demonstração: (i) Vamos verificar o primeiro axioma, e . Então temos, o que é evidente pela definição de módulo. Resta demonstrar a segunda parte do axioma 1, temos então a reciproca é evidentemente verdadeira, se tomarmos então . (ii)O segundo axioma também é simples de demonstrar, (iii)Para demonstrarmos a desigualdade triangular vamos precisar da desigualdade triangular nos reais, i.e., Fazendo uso de um pequeno artifício temos, Então, assim demonstramos que o par é um espaço métrico. |
Exemplo 2 Ao tomarmos qualquer conjunto podemos definir nele a seguinte métrica, |
O exemplo a seguir foi tirado do livro an epsilon of room, escrito por Terence Tao, e é muito interessante porque mostra como a partir de duas métricas podemos formar outras métricas, chamadas de métricas produto.
Exemplo 3 Dado dois espaços métricos e , podemos definir o produto como sendo o produto cartesiano com a métrica produto
ou ainda |