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Análise Funcional -Aula 3
— 1.4. Solução dos Problemas Propostos da aula 2 —
Começaremos a aula de hoje solucionando antes os problemas propostos na aula anterior, para quem não teve acesso a aula anterior nós recomendamos que o faça. Para o bem do leitor, muitas vezes darei apenas soluções parciais aos problemas para que dessa forma possas preencher os detalhes que faltam e completar os argumentos.
5.(solução) Basta tomarmos e
e substituirmos na desigualdade de Cauchy.
6.(solução) Podemos tomar e aplicarmos o critério da razão, i.e., para provarmos que ela tende a zendo basta calcularmos o limite da razão com uma sequência que tende a zero. Ao solucionarmos este problema é importante lembrarmo-nos dos conceitos de série e convergência de séries.
7.(solução) Basta tomarmos a conhecida sequencia .
8.(solução) Para a parte a) basta usarmos o facto de que é uma cota superior do conjunto
e usarmos a propriedade
.
b)A primeira implicação é facíl, já que se . A segunda implicação é trivial.
9.(solução) a) Vamos demonstrar apenas que satisfaz a desigualdade triângular.
Sejam temos:
no ultimo passo usamos a desigualdade .
b) Para a segunda métrica também provaremos apenas a desigualdade triângular:
Uma dica do Kreyszig, basta aplicar o seguinte,
10.(solução) Muito simples….
11.(solução) Para a desigualdade triângular use a a desigualdade .
— 1.5. Topologia Básica dos Espaços Métricos —
Em geral, existem duas maneiras de se introduzir uma extrutura topologica num conjunto. A primeira, usando o conceito primitivo de conjunto aberto e a segunda pelo conceito de distância ou métrica. Nós vamos seguir a segunda abordagem.
Definição 6 Dado
|
Comentário 7 É enganoso pensarmos, conforme aconselha o Kreyszig, que as bolas(abertas ou fechadas) em espaços métricos arbitrários não euclidianos possuem as mesmas propriedades que as bolas ou esferas em |
Exemplo 7 Em |
— 1.5.1. Propiedades das Bolas Abertas —
Seja um espaço métrico, então:
Proposição 2 Dadas duas bolas abertas |
Demonstração: A demonstração desse facto é bastante simples. Seja então
logo, .
Proposição 3 Seja |
Demonstração: Seja , se tomarmos
teremos:
Proposição 4 Sejam |
Demonstração: Seja , então pela Proposição anterior existe
, tal que
e
. Seja
, então
Proposição 5 Sejam |
Demonstração: Suponhamos pelo contrário que , então
, logo
Proposição 6 O diâmetro de uma bola |
Demonstração: Sejam e
, então
que é uma cota superior do conjunto das distâncias entre dois pontos, logo:
Definição 7 Dado um conjunto O conjunto de todos os pontos interiores de |
Teorema 7 A colecção de todos os subconjuntos abertos de |
Demonstração: Deixada para o leitor.
Comentário 8 Muitos estudantes, pelas definições acima podem ser levados a pensar que se um conjunto não é fechado então deve ser aberto. Infelizmente este é um grande absurdo, e.g., |
— 1.5.2. Propriedades dos Conjuntos Abertos —
Proposição 8 Toda bola aberta é um conjunto aberto. |
Demonstração: Ver a Proposição 1.3.
Proposição 9 A intersecção de dois conjuntos abertos é um conjunto aberto. |
Demonstração: Sejam e
dois conjuntos abertos e
. Se
, basta tomarmos
, daí
.
Uma generalização da proposição acima é a seguinte:
Proposição 10 Sejam |
Demonstração: Seja para todo
. Então existem
tais que
. Se
então
e
é um aberto.
Comentário 9 Em geral, a intersecção arbitrária de abertos não é um aberto, basta tomarmos, por exemplo, em |
Proposição 11 Sejam |
Demonstração: Deixada como presente para o leitor.
Definição 8 Sejam |
Teorema 12 Uma aplicação |
Demonstração: Deixada para o leitor.
Definição 9 Seja |
Um espaço métrico é separavel se contém um subconjunto denso enumerável. Como recomendação final, propomos que o leitor consulte um bom livro de Análise Funcional e resolva todos os problemas propostos relacionados ao tema tratado hoje.
Análise Funcional – aula 2
— 1.2. Solução dos Problemas Propostos da aula 1 —
Começaremos a aula de hoje solucionando antes os problemas propostos na aula anterior, para quem não teve acesso a aula anterior nós recomendamos que o faça.
1.(solução)
Os dois primeiros axiomas são de facíl verificação, passemos agora para a demonstração da desigualdade triângular,i.e., devemos mostrar que:
Se tomarmos , temos que
, então fazendo uso da desigualdade triângular nos reais
e da desigualdade
, temos:
Assim provamos que a aplicação definida por é uma métrica sobre
.
2.(solução)
a) À primeira vista a aplicação parece ser uma métrica,mas é facil notar que ela não satisfaz a segunda parte do primeiro axioma da definição de métrica,
ou
daí concluimos que a aplicação não é uma métrica em
, mas é facíl verificar que é uma métrica se tomarmos os subconjuntos
ou
.
b)Seja então
logo não é uma métrica.
c)É facíl verificar que os primeiros axiomas são satisfeitos. Para demonstrarmos a desigualdade triângular consideremos primeiramente a função , é de facil verificação que a função
é crescente (usando Cálculo elementar), logo se
, então
Tomando e
, temos o que queremos.
3.(solução)
(i) Se tomarmos , é facíl vermos que:
e que as restantes propriedades são facilmente satisfeitas.
(ii)Do mesmo modo é simples verificar que é uma métrica sse
.
4.(solução) Podemos escrever a desigualdade triângular do seguinte modo:
e a desigualdade contrária segue de
— 1.3. Outros Exemplos de Espaços Métricos —
Bem-vindos a segunda aula de análise funcional, hoje vamos explorar com um pouco mais de profundidade alguns espaços métricos que são de etrema importância para a análise funcional. Para começarmos introduziremos algumas desigualdades famosas e muito úteis, que não serão demonstradas.
Definição 2 Dois expoentes |
Sejam e
dois expoentes conjugados têm-se a seguinte desigualdade de Holder:
Se tomarmos na desigualdade (2) teremos a chamada desigualdade de Cauchy-Buniakovsky-Schwarz:
A desigualdade de Holder (2) é geralmente obtida da desigualdade de Young:
onde e
são conjugados.
Comentário 5 Um corolário trivial da desigualdade acima é o facto de que a média geometrica entre dois números não excede sua média aritmética, para mostrarmos esse facto basta tomarmos |
E por último temos a desigualdade de Minkovsky:
Comentário 6 É importante notarmos que a desigualdade de Mimkovsky não é verdadeira para |
Exemplo 4 Retomaremos um exemplo da aula anterior, relacionado à métrica |
Consideremos agora o espaço ou espaço das sequências
-somaveis definido da seguinte forma:
Reparem que os elementos do espaço são sequências com infinitos pontos, fazendo desse espaço um espaço discreto. É facil verificarmos que a aplicação
é de facto uma métrica, onde e
. A demonstração desse facto é deixada ao leitor, para a desigualdade triângular basta aplicar a desigualdade (5).
Quando o espaço resultante,
, é geralmente conhecido por espaço de Hilbert ou espaço da sequências de quadrado somaveis. Definido da seguinte maneira:
com a métrica definida da seguinte forma:
Além das mencionadas acima, existem muitas outras métricas de extrema importância, até podemos formar metricas de métricas, por exemplo, no primeiro exercício dos problemas propostos na aula passada, nós podemos generalizar, obtendo assim o facto de que se é uma métrica sobre
então a aplicação
também é uma métrica sobre .
Exemplo 5 Consideremos a métrica definida por
sobre o espaço das funções continuas em |
Mostraremos agora que o produto cartesiano de dois espaços métricos
e
, também pode ser transformado em um espaço métrico.
Exemplo 6 Consideremos o conjunto vamos mostrar que o par
(i) É evidente que
(iii)Para demonstrarmos a desigualdade triângular,tomemos |
Como verificamos pelos exemplos acima, a partir de uma métrica podemos formar ou construir outras métricas, passemos agora para novos conceitos.
Definição 3 Seja Se |
Da definição acima segue-se imediatamente que um conjunto é limitado sse
.
Definição 4 Seja |
A ideia de se calcular a distância de um ponto aum conjunto pode ser tornado mais intuitivo ao lembrarmos um pouco de Geometria Análitica, onde calculamos a distância de um ponto a uma recta, que nada mais é que um conjunto infinito de pontos.
Podemos verificar ainda que:
- A definição 1.3 está bem definida, pois o ínfimo existe pois
,
.
- Se
, então
(porque aí bastaria toar
).
Proposição 1 Seja |
Demonstração: Como é uma cota inferior então para todo
temos:
assim é uma cota inferior do conjunto
, logo:
a segunda desigualdade segue multiplicando-se a expressão acima por e fazendo
.
Definição 5 Seja |
Da definição podemos notar que:
- Se
, então
.
- Se
, não implica
.
Por hoje ficaremos por aqui,não se esqueçam de resolver os problemas propostos e em cao de duvida nos contactem, como sempre no inicio da proxima aula resolveremos os problemas propostos.
Problemas Propostos
Exercício 5 Mostre que a desigualdade de Cauchy (3) implica
|
Exercício 6 Encontre uma sequência que converge para |
Exercício 7 Encontre uma sequência que esteja em |
Exercício 8 Mostre que:
|
Exercício 9 Sejam |
Exercício 10 Seja Mostre que |
Exercício 11 Mostre que se também o é. |
Análise Funcional – Aula I
Introdução à Análise Funcional
A Análise Funcional é um ramo da Matemática abstracta que é basicamente uma junção de Teória da Medida e Integração, Topologia e Álgebra Linear em espaços de dimensão infinita. Ela originou-se a partir de trabalhos em equacções diferenciais Parciais, Equações Integrais e da necessidade de se dar um tratamento mais rigoroso ao estudo dos espaços de funções no século XX.
Ela oferece-nos uma generalização de muitos conceitos de análise em e de outros espaços topológicos e têm servido de base para muitas outras áreas da Matemática Moderna. Durante o século XX matemáticos observaram que problemas de diferentes áreas muitas vezes exibiam propriedades comuns, este facto foi usado para a criação de uma abordagem unificada abstendo-se de uma análise local para a obtenção de resultados gerais dos quais os resultados particulares seguiriam.
Uma das maiores descobertas (ou criação de preferirem) do século XX foi a noção de espaço abstracto em Matemática, devido principalmente a M. Fréchet e F. Hausdorff, que pode ser visto como o culminar de uma onda crescente de abstracção que invadira a Matemática já algum tempo e que teve o seu climax, com justeza, na criação das maiores joias da Matemática.
— 1. Espaços Métricos —
Desde os pimordios da civilização moderna, o homem vem se aperfeiçoando na criação de instrumentos de medida como meios de ajuda na execução de tarefas as quais se propõe realizar. Dentre estes, o cálculo de distâncias sempre foi um dos principais objectivos. Hoje, nós geralmente usamos uma fita métrica para medirmos a distância entre dois objectos, ou podemos fazer uso do teorema de Pitágoras que basicamente nos permite medir a distância entre dois pontos num plano Cartesiano com eixos e
, ou ainda generalizarmos ao introduzirmos uma componente
, passando a ser uma fórmula para medirmos distâncias no espaço (pelo menos o nosso espaço!).
Mas nós nos perguntamos, afinal o que é o espaço? Muitas pessoas normalmente confudem o espaço sideral, isto é, a zona onde se encontram as estrelas e outros corpos celestes com a noção de espaço em si, uma definição simples e um pouco baseada no senso comum é a de que o espaço é o local onde se encontram os objectos, ele é tomado essencialmente como algo no qual estamos imersos, é uma estrutura invisivel que nos engloba não somente a nós, como também todo o universo, uma imagem mental seria a de uma esfera na qual tudo está contido, até porque o universo seria a propria esfera.
No século XX, em Física, com a teoria da geral da relatividade de A. Einstein surge a noção de espaço-tempo, i.e., uma entidade quadridimensional, mostrando assim que as noções de espaço e tempo são essencialmente as mesmas, elas são inseparáveis, conceito esse que é muitas vezes mal compreendido pelas pessoas.
Para um Matemático, o espaço é um conjunto de pontos, é importante notarmos que, embora nós olhemos para o vazio, aparentemente sem nada, na verdade ele está prenchido por pontos, esta noção embora primitiva pode nos ajudar a ganharmos uma pequena intuição para uma generalização.
De uma forma mais rigorosa, em Matemática, um espaço é um conjunto arbitrário munido de uma estrutura. De maneira mais informal, é um conjunto de objectos de qualquer natureza no qual definimos uma estrutura. É importante notarmos que não importa a natureza dos objectos que constituam o conjunto, desde que definamos nele uma estrutura, ele passará a ser um “espaço”.
Exemplo 1 É bem conhecida a noção em Álgebra Linear de Espaço Vectorial, i.e., um conjunto |
É importante notarmos bem os conceitos acima, em Matemática conceitos que nos parecem muito corriqueiros muitas vezes não são o que parecem! Desta forma podemos passar ao passo seguinte que é a introdução da noção de espaço métrico.
Definição 1 Um espaço métrico
|
Comentário 1 Muitas vezes com um abuso de notação obvio, se diz que |
É importante o leitor notar que um espaço métrico não é um conjunto, mas é uma “estrutura”, de tal maneira que em um mesmo conjunto podemos definir métricas diferentes, i.e., . Aos elementos de um espaço métrico chamaremos pontos, independentemente da natureza destes ojectos, sejam eles objectos do nosso mundo físico ou abstractos.
O axioma 1 na definição estabelece o facto evidente que a distância entre dois objectos nunca é negativa, e se ela é igual a zero é porque estes dois objectos são iguais. O axioma 2 também é intuitivo, quer dizer, a distância entre dois objectos e
é a mesma que a distância entre
e
.
Já o axioma 3 é bastante conhecido desde a Geométria elementar e dos três é o menos intuitivo.
Do axioma 3 obtemos por indução a desigualdade triângular generalizada:
Um subespaço de um espaço métrico
é obtido se tomarmos o subconjunto
e restringirmos
a
, assim a métrica em
é a restrição
Comentário 2 A partir de agora, quando não houver perigo de confusão designaremos o espaço métrico pela letra |
— 1.1. Exemplos de Espaços Métricos —
Consideremos alguns exemplos de espaços métricos.
Exemplo 2 1. O conjunto dos Números Reais Esta é com certeza a distância mais famosa em matemática, pois quase toda a análise elementar é feita usando esta métrica e é também bastante intuitiva, vamos provar que os números reais com essa distância é de facto um espaço métrico. Demonstração: (i) Vamos verificar o primeiro axioma, o que é evidente pela definição de módulo. Resta demosntrar a segunda parte do axioma 1, temos então a reciproca é evidentemente verdadeira, se tomarmos (ii)O segundo axioma também é simples de demontrar, (iii)Para demosntrarmos a desigualdade triângular vamos precisar da desigualdade triângular nos reais, i.e., Fazendo uso de um pequeno artifício temos, Então, assim demosntramos que o par Por exemplo se tomarmos dois números quaisquer na recta real,
2. O espaço métrico discreto Vamos mostrar que
3. Métricas sobre o
4. O espaço O par
5. O espaço das sequências limitadas tal que onde onde
6. O espaço onde |
É claro que existem muitos espaços métricos, e como já sabemos sobre um mesmo conjunto podemos definir muitas métricas. Temos também exemplos de como provar se uma aplicação é ou não uma métrica, resta-nos emfim mostrar uma maneira simples de mostrarmos que uma dada aplicação não é uma métrica.
Comentário 4 Em geral, ao tentarmos provar que uma dada aplicação não é uma métrica sobre um conjunto, devemos tentar dar um contraexemplo que demonstre que pelo menos um dos axiomas da (Definição 1.1) não é satisfeita. |
Exemplo 3 Demonstrar que a aplicação não é uma métrica sobre o que é obviamente falso, logo |
Assim chegamos ao fim de nossa primeira aula de Introdução à Análise Funcional, não se esqueçam de resolver os problemas abaixo e em caso de dúvidas nos contactar a partir do blog deixando um comentário, antes da próxima aula postaremos a solução dos problemas.
Problemas Propostos
Exercício 1 Mostre que a aplicação |
Exercício 2 Das aplicações definidas abaixo, demonstre quais delas define uma métrica e para as que não definem dê um contraexemplo:
|
Exercício 3 Seja |
Exercício 4 Usando a desigualdade triângular mostre que
|