2. Fundamentos de Petróleo e Gás
HISTÓRICO:
O registo da participação do petróleo na vida do homem remota a tempos bíblicos;
Uso do petróleo:
O petróleo sempre foi usado por diversas gerações a muitos anos atrás, algumas dessas civilizações são:
- Na Babilônia, os tijolos eram assentados com asfalto;
- Fenícios usaram o betume na calafetação de embarcações;
- Os Egípcios usaram na pavimentação de estradas e embalsamar os mortos e ainda na construção de pirâmides;
- Os Gregos e os Romanos usaram para fins bélicos.
- Os incas, os maias e outras civilizações antigas também usavam o petróleo para diversos fins.
Alguns factos históricos:
Em 1859 foi iniciada a exploração comercial nos Estados Unidos, depois da descoberta do Cel. Drake na Pensilvânia;
Após a invenção dos motores a gasolina e a diesel, estes derivados até então desprezados adicionaram lucros expressivos à atividade;
A busca do petróleo levou a importantes descobertas nos Estados Unidos, Venezuela, Trinidad, Argentina, Borneu e Oriente Médio;
Até 1945 o petróleo produzido provinha dos Estados Unidos, maior produtor do mundo, seguido da Venezuela, México, Rússia, Irã e Iraque;
Com o passar dos anos foi desenvolvida grande variedade de estruturas marítimas, incluindo navios, para portar os equipamentos de perfuração. Atualmente algumas destas unidades de perfuração operam em lâminas de água maiores que 2000 metros;
Após a invenção dos motores a gasolina e a diesel, estes derivados até então desprezados adicionaram lucros expressivos à atividade;
A década de 60 registra a abundancia do petróleo disponível no mundo. O excesso de produção, aliado nos baixos preços praticados pelo mercado, estimula o consumo desenfreado;
Os anos 70 foram marcados por brutais elevações nos preços do petróleo, tornando econômicas grandes descobertas no Mar do Norte e no México;
Outras grandes descobertas ocorrem em territórios do Terceiro Mundo e dos países comunistas, enquanto que os Estados Unidos percebem que suas grandes reservas de petróleo já se encontram esgotadas;
Os anos 70 marcam também, significativos avanços na geoquímica orgânica, com consequente aumento no entendimento das áreas de geração e migração de petróleo;
Nos anos 80 e 90, os avanços tecnológicos reduzem os custos de exploração e de produção, criando um novo ciclo econômico para a indústria petrolífera.;
Com o advento da indústria petroquímica, centenas de novos compostos são produzidos, muitos deles diariamente utilizados, como plástico, borrachas sintéticas, tintas, corantes, adesivos, solventes, detergentes, explosivos, produtos farmacêuticos, cosméticos, etc;
Com isso, o petróleo, além de produzir combustível, passou a ser imprescindível às facilidades e comodidades da vida moderna.
Constituição do petróleo
Do latim petra (pedra) e oleum (óleo), o petróleo no estado líquido é uma substancia oleosa inflamável, menos densa que a água, com cheiro característico e cor variando entre negro e o castanho-claro;
O petróleo é constituído, basicamente, por uma mistura de compostos químicos orgânicos (hidrocarbonetos).
Fração | Temperatura de ebulição (ºC) | Usos |
Gás residual Gás liquefeito de petróleo – GPL | – Até 40 | gás combustível, gás combustível engarrafado, uso domestico e industrial |
Gasolina | 40 – 175 | Combustível de automóveis, solvente. |
Querosene | 175 – 235 | iluminação, combustível de aviões a jato |
Gasóleo leve | 235 – 305 | diesel, fornos |
Gasóleo pesado | 305 – 400 | combustível, matéria-prima para lubrificantes. |
Lubrificantes | 400 – 510 | óleos lubrificantes. |
Resíduo | Acima de 510 | asfalto, impermeabilizantes |
Hidrogênio | 11 – 14% |
Carbono | 83 – 87% |
Enxofre | 0,06 – 8% |
Nitrogênio | 0,11 – 1,7% |
Oxigênio | 0,1 – 2% |
Metais | até 0,3% |
RISCOS EM EXPLORAÇÃO DE PETROLEO
- Risco Geológico:
Os principais fatores e mecanismos que controlam as acumulações de petróleo são:
- Ocorrência de rocha geradora;
- Ocorrência de rocha reservatório;
- Conexão espacial entre a rocha reservatório e a rocha geradora;
- Relação de tempo adequada entre geração, maturação, estruturação e migração;
- Existência de uma trapa estrutural ou estratigráfica que permita acumulação de petróleo;
- Ocorrência de rocha selante.
A ausência completa de um deles tornará inviável a acumulação de hidrocarbonetos. A pujança de cada um determinará o porte da acumulação.
2. Riscos Econômicos e Financeiros:
- Os riscos econômicos estão associados às expectativas futuras do preço do barril do petróleo, dos custos de exploração e do tamanho dos reservatório que vão limitar a produção;
- Os riscos financeiros estão ligados à capacidade de investimentos da firma (capital exploratório), ao número de prospectos disponíveis, às ações não técnicas (políticas, sociais e ambientais) que podem embargar o processo exploratório, ao risco da probabilidade de sucesso estar errada, etc;
- Estabelece-se a partir da análise dos parâmetros que determinam a distribuição de tamanho (área e volume) das possíveis acumulações (área da estrutura, espessura, porosidade, saturação de óleo), redistribuindo os índices de sucesso em probabilidades de descobertas de vários tamanhos de campos de petróleo.
3. Risco Político:
Decorre do potencial de mudanças bruscas no país, devido a instabilidades políticas e sociais, como:
- Guerras;
- Guerras civis;
- Movimentos guerrilheiros,
- Movimentos de reivindicações populares que ameaçam o poder político.
Também se inclui nesta categoria o risco de novos governantes, mesmo que democraticamente eleitos, por razões políticas desconsiderarem os acordos feitos pelos seus antecessores, muitas vezes ao arrepio da lei.
4. Riscos na Previsão da Produção:
Uma vez que as reservas recuperáveis são estabelecidas, precisa-se estimar o ritmo em que se dará a produção, ou exploração, ou ainda, a depleção dessas reservas de óleo ou gás.
Alguns fatores importantes são:
- Número de poços;
- Percentagem de poços secos ou probabilidade de sucesso;
- Área de drenagem ou recuperação por poço;
- Índice de produtividade por poço;
- Restrições operacionais sobre taxas de produção;
- Taxas de declínio iniciais;
- Taxas de abandono ou outras condições de abandono;
- Preços de produtos.
FLUXO DE CAIXA DE UM PROJECTO DE PETRÓLEO
Etapas que compõe o fluxo de caixa:
- Fase de Exploração: gastos referentes a prospecção e perfuração de poços pioneiros;
- .Fase de Avaliação: onde é feito um estudo do reservatório para comprovar se este é ou não viável economicamente;
- Fase de Desenvolvimento: em que o reservatório é preparado para a produção do óleo;
- Fase de Produção: quando começa a entrar receita no fluxo de caixa já perto do fim da vida do reservatório são necessários investimentos em Recuperação e por último os custos de Abandono.

DECISIÇÕES ECONÔMICAS NA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO
Existem duas situações distintas nas quais as decisões econômicas na indústria de petróleo podem ser tomadas:
- em ausência de risco geológico – onde são utilizados métodos empíricos ou convencionais para definir se uma reserva é ou não comercial e, consequentemente, se deve ou não ser desenvolvida;
- em presença de risco geológico – onde decisões são tomadas em regime de incerteza, com a introdução de probabilidades caracterizando os diversos eventos que podem resultar do projeto.
Decisões em Ausência de Risco Geológico
Dentre as ferramentas de suporte às decisões para projetos de petróleo em ausência de risco geológico, podemos destacar:
- Os métodos empíricos (Método do Tempo de Retorno e o Método do Lucro Não Descontado, nos quais as taxas de juros são ignoradas e trabalha-se apenas com indicadores) e;
- Os métodos convencionais (Método do Valor Presente Líquido e Método da Taxa Interna de Retorno).
- Método do Tempo de Retorno
Este método não considera nenhuma taxa de juros, sendo uma técnica de análise de fluxo de caixa não descontado.
Trata-se de determinar o tempo necessário à recuperação do dinheiro investido, através da simples inspeção do ano em que o fluxo de caixa acumulado torna-se positivo e utilizando as ferramentas de interpolação. No exemplo da seção anterior temos o seguinte fluxo de caixa acumulado.

O desejado é que o projeto se pague o mais breve possível. Desta maneira, quanto menor for o pay-out time, melhor será o projeto.
2. Método do Lucro Não Descontado
O lucro não descontado é a diferença entre a totalidade das receitas líquidas e a totalidade dos investimentos, sem considerar nenhuma taxa de juros e, portanto, coincide com o fluxo de caixa acumulado do projeto final (U$ 26.562.000, no exemplo em questão). Este método ainda se apoia na utilização de indicadores como o ROI (Return on Investiment) para suportar decisões de investimento. Tal indicador pode ser determinado pela seguinte razão:

3. Método do Valor Presente Líquido
O Valor Presente Líquido também pode ser calculado pela fórmula abaixo, descontando todos os fluxos futuros, receitas ou gastos, a taxa mínima de atratividade i, trazendo todas essa movimentação para o instante zero. A variável C corresponde ao valor do investimento realizado no ano zero.

Vale ressaltar a importância do valor do dinheiro no tempo, por isso a importância de trazer os valores futuros a valor presente, a fim de se obter coerência na comparação monetária principalmente do fracasso exploratório, que representa um prejuízo no curto-prazo, enquanto que os resultados de um sucesso exploratório só serão percebidos no longo-prazo, de acordo com o fluxo de caixa típico das atividades de exploração e produção de petróleo.
4. Método da Taxa Interna de Retorno (TIR)
Trata-se de encontrar a taxa de juros que, quando utilizada para descontar o fluxo de caixa do projeto, anula o valor presente líquido do mesmo. No exemplo a que estamos nos referenciando a TIR é aproximadamente 18%, obtida através da função TIR do aplicativo Excel.

Exemplo:
Considerando-se que o fluxo de caixa é composto apenas de uma saída no período 0 de USD 10.000,00 e uma entrada no período 1 de USD 12.000,00, onde i corresponde à taxa de juros:
