— 1. Introdução —
A Lógica tem várias definições de acordo com os seus muitos praticantes. Mas para o interesse deste curso podemos definir a lógica como sendo a ciência do raciocínio.
Não queremos com isto dizer que a Lógica se debruça com os processos mentais associados com a actividade cognitiva, mas sim com a correcção (ou falta de) dos raciocínios.
O raciocínio é uma das várias actividades mentais que executamos. Neste caso ao raciocinar o que nós seres humano estamos a fazer é realizar inferências.
Definição 1 Uma inferência é o acto de de se retirar conclusões através de premissas. |
A palavra premissas pode também ser substituida por dados, informação, factos pois são termos mais próximos da linguagem do dia a dia.
Seguem abaixo alguns exemplos de inferências:
- Vemos fumo a vir de uma flores e inferimos que há fogo
- Alguém volta da rua molhado e infermos que está a chover
- Recebemos a notificação por email de mais um artigo publicado na Luso Academia e inferimos que vamos receber mais material de alta qualidade…
Por favor notem que existe uma diferença entre inferência e implicação que são termos que muitas vezes se confundem, mas que em Lógica tem sentidos precisos e diferentes.
Vamos ilustrar a diferença entre os dois termos analisando o exemplo do fogo. Nós inferimos que existe fogo com base na observação do fumo. No entanto, não podemos implicar a existência do fogo. Por outro lado, o fumo implica a existência do fogo, mas não infere o fogo. Em conclusão, a palavra inferência não é equivalente à palavra implicação.
De uma forma simplificada podemos esquematizar o processo de raciocínio como tendo inputs (premissas, dados, etc) e produzindo outputs (conclusões). Num certo sentido vemos o processo de raciocínio como sendo uma função. Assim sendo, temos um conjunto de premissas ,
,
, que irão produir uma conclusão
e se as regras de inferência forem seguidas podemos garantir que a conclusão atingida é válida.
— 2. Inferências e Argumentos —
Após a introdução vamos então começar a introduzir várias definições que nos permitirão avançar no estudo da Lógica de forma mais profunda.
Definição 2 Uma Sentença é uma frase declarativa à qual se pode atribuir um valor lógico de verdade (verdadeiro ou falso). |
Temos abaixo alguns exemplos de sentenças:
- Está calor
- Sou bonito
-
Não são exemplos de sentenças as seguintes frases:
- Que horas são?
- Sai daqui!!!
-
De notar que ao dizermos que uma sentença tem sempre um valor de verdade, não quer dizer que nós humanos saibamos qual é esse valor de verdade. Por exemplo a frase “Deus existe” é certamente uma sentença ainda que nós humanos não saibamos qual o seu valor de verdade. Estou a descontar os iluminados que sabem que com toda a certeza que Deus existe ou que Deus não existe.
Definição 3 Um Argumento é uma coleção de sentenças, onde uma das sentenças é designada por conclusão e as restantes sentenças são designadas por premissas. |
Notem que isto não é a definição de um bom argumento. É tão somente a definição de um argumento. De notar também que no nosso quotidiano a palavra argumento tem uma característica adicional: normalmente as premissas de um argumento devem suportar (justificar) a conclusão do argumento.
Vamos então analisar alguns exemplos vistos anteriormente, mas agora na lógica de argumentos:
- Vejo fumo
- logo, há fogo!
Aqui o argumento é composto por duas sentenças. “Vejo fumo” e “há fogo”. A palavra “logo” é somente uma partícula de ligação entre as duas sentenças que nos permite mais facilmente identificar a qual é a conclusão e qual é a premissa.
Em princípio qualquer colecção de sentenças pode ser designada de argumento. Basta para isso indicarmos qual é a conclusão. No entanto não é suposto que todas as colecções de sentenças sejam um argumento.
Excelente, amei o conteúdo.
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Obrigado Adilson. O segundo artigo deste conjunto já se encontra disponível: https://lusoacademia.org/2018/06/12/introducao-a-logica-logica-dedutiva-e-logica-indutiva/
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