— 2.3. Equações Diferenciais Exatas —
Definição 11. Uma expressão diferencial
é uma diferencial exata em uma região do plano xy se ela corresponde á diferencial total de alguma função f(x,y).Uma equação diferencial da forma
é chamada de uma equação exata se a expressão do lado esquerdo é uma diferencial exata
Teorema 2 Sejam M(x,y) e N(x,y) funções continuas com derivadas parciais continuas em uma região retangular R definida por seja uma equação diferencial exata é |
— 2.3.2. Método de solução —
Dada a equação
mostre primeiro que
Depois suponha que
dai podemos encontrar f integrando M(x,y) com relação a x, considerando y constante, escrevemos:
em que a função arbitraria g(y) é a constante de integração.Agora, derivando a equação (4) com relação a y e supondo
Assim
Finalmente podemos integrar a equação (6) com relação a y e substituir o resultado em (4).A solução para a equação é
Nota:Poderíamos também começar o procedimento acima com a suposição de que Depois, integrando N com relação a y e derivando o resultado, encontramos o análogo de (4) e (6), que seria respetivamente.
Exemplo 1.Resolva a seguinte equação
Solução.com temos
logo, a equação é exata e existe uma função f(x,y) tal que
depois de integrar em relação a x, obtemos:
Derivando a ultima expressão com relação a y e igualando o resultado a N(x,y), temos
segue-se que
integrando teremos
A constante de integração não precisa ser incluída, pois a solução é então
OBS:Poderíamos resolver também supondo que
— 2.3.3. Equações diferenciais exatas com fator de Integração —
Definição 12. Se existe uma função tal que
é exata, então chama-se fator de integração da equação diferencial
Quando a expressão não é diferencial exata, isto é,
mostra-se que há uma infinidade de funções tais que
Se o fator de integração é em função de x temos:
Se o fator de integração é em função de y temos:
Exemplo 2.Encontrar o fator de integração de:
Solução:Para acharmos o fator de integração temos de verificar se o fator de integração será em função de “x” ou “y”.Para isso vamos determinar primeiro as seguintes derivadas parciais:
vamos provar se é o fator de integração:
é uma função de x,logo a função
não é o fator de integração capaz de converter a equação diferencial em uma exata.
por isso vamos achar com:
é uma função de y,então a função
é o fator de integração capaz de converter a equação diferencial em uma exata.Nesse caso, teremos:
com
multiplicando a equação diferencial com este fator teremos:
logo:
agora a equação é exata e existe uma função tal que:
derivando em relação a y e igualando a
temos:
então:
a família de curvas da solução para alguns valores de c é:
Figura 1:Família de curvas da solução do Exemplo 2
— 2.4. Equações lineares —
Definição 13. Uma equação diferencial linear de 1ª ordem tem a forma:
se , a equação é dita homogénea ou incompleta; enquanto,
se , a equação é dita não homogénea ou completa.
Analisaremos dois métodos de solução de equações diferenciais desse tipo a saber:
- Método do fator integrante
- Método de Lagrange
— 2.4.4. Método do Fator Integrante —
Este método consiste na transformação de uma equação linear em outra equação do tipo diferencial exata, cuja solução já estudamos anteriormente.Dessa maneira, vamos retornar a equação original de nosso problema
vamos reescrever esta ultima sob a forma
multiplicando ambos os membros por (fator integrante) obtemos a expressão:
Identificando as funções M e N temos:
derivando M em relação a e N com relação a x, obtemos:
confirmando assim, que a equação transformada é uma equação diferencial exata.
Exemplo 3.Resolve pelo método do fator integrante a seguinte equação:
Solução:sabemos que então o fator integrante é
multiplicando a equação acima pelo fator integrante obtemos:
o lado esquerdo é igual a derivada do produto .Logo a equação acima é equivalente a:
Integrando-se temos:
explicitando y temos que a solução geral da equação diferencial é
podemos esboçar as soluções desta equação diferencial.Para a solução é a parábola
para ,temos que o domínio de y é o conjunto dos números reais tais que
além disso
vamos analisar o crescimento e decrescimento das soluções
se, e somente se
assim se as soluções tem somente pontos críticos em
e se
elas não tem ponto critico.
Figura 2: Soluções da equação do Exemplo 3
— 2.4.5. Método de Lagrange —
Esse método consiste na substituição de “y” por “Z.t” na equação (7), onde e
sendo z a nova função incógnita e t a função a determinar, assim
Derivando em relação a x temos:
substituindo (8) em (7) vamos obter:
Para integral a equação (9), examina-se dois casos particulares da equação (7) a saber:
- P=0, então
(não homogénea) logo:
- Q=0, então
(equação homogénea) que resulta em:
que é uma equação de variáveis separáveis.
daí, integrando essa equação resulta em
Fazendo , temos
que representa a solução homogénea ou incompleta.
Agora, vamos pesquisar na equação (9) valores para “t” e “z”, uma vez que , teremos a solução da equação (7) que é uma equação linear completa (não homogénea).
Na equação (9) vamos impor o coeficiente de z como sendo nulo.
como já estudamos no caso 2 teremos:substituindo este resultado em
temos
integrando este ultimo resultado temos:
lembrando que vamos obter, substituindo “t” e “z”:
onde resulta, finalmente em:
que é a solução geral da equação
Exemplo 4.Resolver pelo método de Lagrange a seguinte equação:
Solução:Nota-se que a equação é linear, onde:
A equação diferencial homogénea correspondente é que tem como solução:
fazendo e
acharemos a função z dada por:
como a solução da equação homogénea é ,então