Como uma aplicação do Teorema 35 vamos estudar as funções e
.
Ora é uma função estritamente crescente e
também é uma função estritamente crescente.
Pelo Teorema 35 é então e
.
Quanto a vem que
e
.
Esta noções têm uma interpretação exactamente igual à interpretação oferecida aquando do nosso estudo das sucessões e dão o mesmo tipo de informação referente ao comportamento de duas funções.
Teorema 36
Seja
Demonstração: Deixada como um exercício para o leitor. |
Para as funções polinomiais podemos dizer com toda a generalidade o seu comportamento é ditado pelo termo de maior grau se nos estivermos a aproximar de . No entanto, se a aproximação for para
o seu comportamento é ditado pelo termo de menor grau.
Para vermos que de facto as coisas são como enunciamos vamos analiser o simples exemplo:
Ora . Seja
. então
e assim é
.
Outro exemplo com bastante interesse para nós é:
Podemos ver que é assim uma vez que é
— 4.6. Condição Epsílon-Delta —
Após este preâmbulo está na hora de introduzirmos o conceito de limite e continuidade utilizando a condição .
Mais uma vez o que estamos a fazer é usar conceitos cada vez mais abstractos por forma a conseguirmos atingir níveis de rigor e generalização cada vez maiores. A partir deste ponto temos perfeita consciência que a compreensão desta matéria será mais difícil, especialmente para quem não está habituado a este tipo de argumentos, mas temos também sabemos que ao fazerem o devido esforço serão recompensados intelectualmente.
O ponto da condição é que nos permite evitar conceitos nebulosos como perto de, sinais de entrada, sinais de saída, ou ainda a relativamente fraca definição de limite que temos usado até agora.
Teorema 37 (Teorema de Heine)
Seja Demonstração: Demonstração omitida. |
Caso a parafernália de símbolos faz com que os nossos leitores fiquem a pensar “Mas afinal isto quer dizer o quê?!” a resposta é que isto somente uma correcta formalização da noção intuitiva de limite.
Mais uma vez temos que ver isto como se fosse um jogo entre duas pessoas. A primeira escolhe os valores de enquanto que a segunda escolhe os valores de
que façam com que a condição seja válida.
Se o segundo jogador conseguir encontrar uma expressão geral de para todos os valores de
ele ganha o jogo e podemos afirmar que função realmente tem limite
no ponto
.
Teorema 38
Seja Demonstração:
Seja
Assim Logo
e |
Se existe, então
uma vez que neste caso é
e existe uma vizinhança de
onde
é limitada.
Após isto estamos interessados em saber como é que podemos traduzir para uma condição
.
Neste caso estamos a considerar apenas no conjunto
e temos:
Teorema 39
Seja Demonstração:
Seja
Tomando Em conclusão:
|
Definição 35
Seja
A função diz-se contínua se é contínua em todos os pontos de |
Vamos agora usar alguns exemplos para clarificar a Definição 35.
-
Seja
e
uma sucessão tal que
. Então
e
.
Ou seja dizer que
é equivalente a dizer que
é contínua em
. Uma vez que
pode ser um ponto qualquer
é contínua em
.
- Seja
e
uma sucessão tal que
. Temos
e usando o mesmo argumento que no exemplo anterior podemos dizer que
é contínua.
- Em geral podemos dizer que se
é
. Logo para
é
.
Se
vem que
. Para
vem que
.
Se definirmos
e
vem que é sempre
.
- De forma análoga podemos definir
e
para que seja sempre
.
Teorema 40 (Teorema de Heine para a continuidade)
Seja Que também podemos escrever na forma de vizinhanças:
Demonstração: Demonstração omitida. |
Como podemos ver a condição para a continuidade no ponto
é muito semelhante à condição
para o limite
no ponto
.
Para terminarmos este artigo vamos só enunciar um teorema que torna mais explícita a relação entre continuidade e limite.
Teorema 41 Seja
Demonstração: Demonstração omitida. |