O conceito de limite é um conceito local.
Em linguagem matemática quando dizemos que o conceito de limite é local estamos a dizer que para uma função ter um limite num dado ponto, , não interessa como é que a função se comporta quando estamos longe do ponto em questão. O que interessa é como a função se comporta quando estamos na vizinhança do ponto.
A linguagem que estamos a usar até pode ser satisfatória para o dia-a-dia, mas para os padrões de rigor da Matemática deixa muito a desejar.
O que nós, de facto, estamos a fazer com o conceito de limite é formalizar o que queremos dizer quando usamos expressões como longe e na vizinhança.
Como exemplo, vamos introduzir a função
Esta função não é das mais sofisticadas, mas é o suficiente para a ideia que queremos passar.
Antes de mais vamos representar graficamente esta função para termos uma visualização do seu comportamento:
Onde representámos com a cor azul e
a vermelho.
É fácil ver que para todos os pontos diferentes de
a função não tem limite.
Para
e
. Logo
, e assim podemos concluir que este limite não existe.
Para é possível mostrar (faremos isso quando o conceito de limite for formalizado usando a condição
) que
.
Quase que apetece dizer que “Não se pode ser mais local do que isto! Esta função só tem limite no ponto !”.
De uma forma intuitiva podemos entender este resultado da seguinte forma. O conceito de limite basicamente expressa o quão bem-comportada uma função é. Uma vez que esta função está sempre a saltar de ponto para ponto dependendo se estamos numa ordenada racional ou numa ordenada irracional podemos dizer que esta função é malcomportada.
A asserção anterior é verdadeira em quase todo o domínio da função. O único ponto em que ela deixa de ser aplicável é em .
Isto é assim porque embora a função seja malcomportada ela é cada vez menos malcomportada à medida que nos aproximamos da origem.
Teorema 32
Seja Se Demonstração: Demonstração omitida. |
Tal como noutros casos que já vimos o teorema anterior expressa um facto bastante prosaico, mas, tal como nos outros casos, aqui o que interessa é vermos que podemos demonstrar estas asserções rigorosamente.
O que devemos reter deste teorema é que ele nos permite saber o resultado do limite algumas funções sem termos que calcular o limite.
Teorema 33 (Teorema da função enquadrada)
Seja Demonstração: Demonstração omitida. |
E temos mais um teorema que continua a tendência de possibilitar que saibamos o limite de funções sem termos que o calcular!
Como exemplo vamos ver o limite:
Temos
Logo
Uma vez que é vem que
.
Como segundo exemplo vamos olhar para:
Uma vez que
Temos e
. Assim também é
— 4.5. Propriedades algébricas dos limites de funções —
Tal como fizemos para as sucessões vamos agora enunciar algumas regras algébricas que nos permitem calcular o limite de algumas expressões matemáticas mais complexas.
[…] Análise Matemática – Limites e Continuidade III […]
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